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01/05/2022

1º de Maio: Dia do Trabalho ou Dia do Atraso, para jornalistas

Chegamos em mais um 1º de Maio, Dia do Trabalho, data celebrada em diversos países do mundo, incluindo o Brasil. É um dia para lembrar que trabalhadores têm direitos e podem lutar por melhores condições. Essa luta não acontece para desmerecer ninguém, nem trabalhador, tampouco seus empregadores, mas para que haja respeito. Apenas quando há uma ruptura, como aconteceu historicamente em 1886, data que motivou o "feriado", é que as pessoas buscam lutar pelo que é o mínimo: uma relação justa.



Mas os 136 anos de história parecem não ter sido suficientes para que os donos da mídia no Paraná respeitem seus jornalistas. Hoje, as entidades que representam a categoria, Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), vêm a público comunicar que o 1º de Maio de 2022 também pode ser lembrado como o Dia do Atraso. É que a data-base da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos jornalistas cai no mesmo dia e os patrões, mais uma vez, enrolaram os profissionais, conforme as entidades já haviam alertado publicamente em 19 de abril.


Os debates da CCT, que atingem direitos trabalhistas e impactam no reajuste salarial dos jornalistas, foram iniciados entre os Sindicatos após a homologação da Convenção 2021/2022, que até então permanecia em vigência, em dezembro do ano passado. No início de fevereiro deste ano, foi realizada uma pesquisa para entender melhor o perfil dos jornalistas e as prioridades para a Campanha Salarial 2022/2023. Ainda no mesmo mês, o resultado do levantamento foi divulgado e expôs que 9 em cada 10 participantes consideram seus salários insuficientes.


Com o resultado em mãos, as entidades redigiram uma pauta de reinvindicações, que foi apresentada e aprovada pelos jornalistas em assembleia conjunta promovida no dia 8 de março. Após análise das assessoriais jurídicas do Sindijor Norte PR e do SindijorPR, as entidades entregaram a proposta de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho 2022/2023 aos patrões em 24 de março. Os Sindicatos deram prazo de 10 dias para que as empresas respondessem ao documento, mas foram ignorados, ou quase isso, com respostas digitais dizendo que as propostas estavam sendo "analisadas".


No dia 7 de abril, Dia do e da Jornalista, e já fora do período gentilmente solicitado pelos Sindicatos, um e-mail foi enviado aos representantes dos donos da mídia no Paraná. Na oportunidade, Sindijor Norte PR e SindijorPR agradeceram pelas merecidas manifestações publicadas pelas empresas em redes sociais enaltecendo o trabalho dos profissionais. Alertaram, também, para a necessidade de retorno quanto à CCT, dada a proximidade do fechamento da data-base, e reforçaram que a pauta com as reinvindicações foi fruto de uma pesquisa com os próprios profissionais. Esta correspondência eletrônica ficou sem qualquer resposta.


Certos de que patrões indicavam estar enrolando os jornalistas em mais um ano de negociações, os Sindicatos decidiram externar publicamente a situação para os jornalistas em 19 de abril. Ainda sem retorno, as entidades continuaram a insistir com os donos da mídia. Foi somente na última terça-feira, 26 de abril, que essa resposta aconteceu, com a informação de que as empresas vão apresentar uma CONTRAPROPOSTA da CCT até a sexta-feira desta semana, 6 de maio.


Convenção em atraso


É uma tática já conhecida dos Sindicatos patronais e um tremendo desrespeito com os jornalistas. Os patrões não abriram negociação antes que a CCT entrasse em atraso e é preciso mais do que nunca que a Categoria continue a acompanhar de perto a situação. Não é normal atrasar e quem vem, há anos, se "beneficiando" disso são os empresários. E como eles fazem isso? Tentando tirar direitos já existentes em Convenção e atacando reajustes salariais, com direito ao "bônus" de esvaziar ainda mais o bolso dos jornalistas, como com a imposição de acordos sem retroativos - só no ano passado, por exemplo, foram 8 meses perdidos.


Nós jornalistas precisamos redobrar o alerta. Por enquanto, nossos empregadores dizem que pretendem apresentar CONTRAPROPOSTA - gravem bem essa palavra - em poucos dias, mas podem estar dispostos a ficar semanas ou até meses querendo arrastar essa situação. Se precisar, podemos desenhar para que qualquer pessoa entenda quem se beneficia do atraso, mas jornalistas não são bobos e sabem quem realmente está "lavando a égua".


Os Sindicatos não chegaram até aqui fazendo discussões e conversando com os jornalistas "nas coxas" e certamente sabem que "tem caroço nesse angu" servido fora do prazo pelos patrões. Queremos "encher o bucho" dos patrões, mas que os empresários entendam que os profissionais também precisam estar com o "bucho cheio". Trabalhadores querem continuar a exercer suas funções com qualidade para a sociedade e que os donos da mídia continuem a crescer, gerando novos empregos. Uma negociação "meia tigela" só causa prejuízos, então que haja respeito e que não seja apenas "para inglês ver", como há em datas comemorativas, como foi no Dia do Jornalista (7 de abril) e certamente deve se repetir com mensagens acolhedoras neste 1º de Maio.


OBS: Licença poética de algumas expressões populares ligadas a escravidão via Hypeness (https://www.hypeness.com.br/2016/09/9-expressoes-populares-com-origens-ligadas-a-escravidao-e-voce-nem-imaginava/).

Autor:SindijorPR e Sindijor Norte
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