A saúde do trabalhador é uma luta histórica em qualquer entidade sindical. E para enfrentar problemas como o assédio moral e sexual nos locais de trabalho, o agredido precisa denunciar
Durante o Seminário Regional Sul de Negociação Coletiva (28), o SindijorPR lançou a cartilha “ASSÉDIO NO JORNALISMO: ajude a combater”. O evento contou com a participação de diretores do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Santa Catarina (SJSC), Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SINDJORS) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná. O objetivo do encontro foi discutir a campanha salarial e avaliar propostas em comum dos sindicatos.
Assédio:Na busca por qualidade de vida nos locais de trabalho, o Sindijor lançou a cartilha Assédio no Jornalismo: ajude a combater. “O principal objetivo do material é informar a categoria de que casos de assédio sejam inibidos em locais de trabalho”, explicou Guilherme Carvalho, presidente do Sindicato. O material será distribuído nas redações e também estará disponível na sede da entidade.
A ideia da cartilha surgiu após os números expostos na “Pesquisa sobre violência contra os jornalistas paranaenses”, divulgado em dezembro de 2014. Ao estudar a saúde do trabalhador, questões importantes vieram à tona. Principalmente alguns números sobre o tema assédio. Ao responderem a pergunta: “Você já foi vítima de assédio moral em seu local de trabalho?”, 78% dos jornalistas confirmaram que SIM; 22% negaram. Para a questão “Sabe de algum colega ou já presenciou alguém que já tenha sido vítima de assédio moral?”, 83% disseram SIM e 17% disseram NÃO.
Na Pesquisa, os jornalistas tinham a opção de marcar os tipos de assédio sofrido em locais de trabalho. Os dois primeiros foram: “Seu superior age pela desestabilização emocional e profissional, retirando a motivação e sua autoconfiança?” com 60%. Em segundo, os trabalhadores marcaram a opção “Seus esforços são subestimados e sua função é desviada ou retirada sem motivo?” com 57%.
Segundo Margarida Barreto, médica do trabalho, o “assédio moral, ou violência moral no trabalho, é a exposição de trabalhadores a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função, de forma repetitiva, o que caracteriza uma atitude desumana, violenta e antiética nas relações de trabalho”.
Vale lembrar que o SindijorPR, durante a negociação coletiva 2014, tentou incluir uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho que tratasse do Assédio Moral e Sexual. Porém as empresas de comunicação do Paraná se posicionaram contrários ao novo parágrafo e mais uma das pautas dos trabalhadores foi, de forma intransigente, negada pelos empresários do estado.
“Assediu”
A palavra assédio vem do latim “assediu” que remete aos tempos do Império Romano quando se realizavam operações militares em frente ou ao redor de uma praça de guerra para intimidar o inimigo. O termo associa-se a ideia de impertinência, importunação, insistência junto de alguém, para conseguir alguma coisa.
Existem vários tipos de assédio: moral, sexual, processual e psicológico. Destes, os dois primeiros são os que mais assustam os jornalistas. Principalmente porque se percebe o aumento de denúncias da categoria. Em muitos casos, o jornalista não encara a prática como assédio ou ignora com medo de perder o emprego ou sofrer algum tipo de represália.
O que é assédio moral?
É todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a auto-estima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si e de sua competência, implicando dano ao ambiente do trabalho, à evolução da carreira profissional ou à estabilidade emocional e física do assediado. Os atos agressivos e hostis, contínuos e repetitivos, que caracterizam o Assédio Moral, são uma forma de violência, a psicológica, e causam uma vivência de humilhação e constrangimento que afeta a dignidade humana.
O que é assédio sexual?
O assédio sexual é uma forma de assédio mais constrangedora e mais violenta, porque sugere ou busca de fato favores sexuais de um trabalhador (geralmente as vítimas são mulheres) usando alguma forma de chantagem. A situação mais comum é o chefe ou o patrão ameaçar de punição ou até de demissão se o favor sexual for negado. Pode acontecer de a pessoa ser apalpada em partes íntimas, ou mesmo agarrada à força e até ser consumado o ato sexual ou algum tipo de carícia.
Nesses casos o assédio se torna um crime. O mais grave é o estupro, se a vítima for mulher, ou atentado violento ao pudor, se a vítima for homem. O agressor deve ser processado criminalmente pela vítima.
Dossiê
Um dossiê elaborado pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro e entregue ao Ministério Público do Trabalho carioca detalha alguns problemas na categoria e que são recorrentes em todas as regiões do Brasil. “O número de jornalistas com pedido de licença médica por razões psicológicas é enorme e tem por origem a forma desrespeitosa como são tratados, equipes diminutas, escalas exaustivas, multifuncionalidade (jornalista realiza diversas funções ao mesmo tempo), dentre outras”, aponta um trecho do dossiê.
Denuncie
Não se engane quando o empregador ignora a presença do trabalhador ou não cumprimenta, além de não lhe dirigir a palavra na frente dos outros, deliberadamente (isso pode ser assédio); fazer críticas ou brincadeiras de mau gosto em público agrava a situação. Impor horários injustificados perpetua o problema. Agressão física ou verbal acontece quando estão a sós (assediador e a vítima). Jornalista, ao se deparar com ameaças, insultos e isolamento, procure o Sindijor. Denuncie! – extrapauta@sindijorpr.org.br