Não é incomum fechar os olhos e as cenas de horror voltarem a memória. Há algo aqui dentro, angústia, indignação, vontade de transformação, que reverberam.
Hoje fazem
cinco meses do fatídico Massacre de 29 de Abril que ocorreu em frente à
Assembleia Legislativa do Paraná, em Curitiba. Naquela tarde, quando
professores e servidores lutavam pelo não retrocesso de seus direitos, a
Polícia Militar, a mando do governador Beto Richa, estabeleceu um massacre que
até tentaram chamar de confronto, mas eram gritos, força e bandeiras, contra balas
de borracha, bombas de gás, sprays de pimenta, cães e cassetetes: mais de 200
pessoas foram feridas.
Entre os
manifestantes também estavam os profissionais da comunicação que cumpriam seu
trabalho, mas ali ninguém era poupado. O repórter-cinematográfico Rafael
Passos, da Catve, e dois repórteres-fotográficos, Henri Milleo da Gazeta do
Povo e o freelancer André Rodrigues, foram atingidos por tiros de balas de
borracha. Luiz Carlos de Jesus, repórter-cinematográfico da TV Band, com uma
câmera na mão em meio a fumaças de gás, foi cravado pelos dentes de um cão do
Choque.
A violência não se finda aí. São corriqueiros
os casos de violência moral do Estado contra os profissionais. Constantemente,
o SindijorPR lida com denúncias de jornalistas que são perseguidos e assediados
quando investigam situações que colocam os políticos em questão. A situação
mais delicada é a do produtor James Alberti, que teve uma tentativa de
assassinato desvendada em abril deste ano, em que se revelava um esquema para
matá-lo por meio de um assalto a uma churrascaria em Londrina.
Diante da
ameaça, a empresa providenciou a retirada do jornalista da cidade onde
realizava a investigação que envolve pessoas próximas ao governador Beto Richa,
como seu parente, Luiz Abi Antoun, e o ex-inspetor geral de fiscalização da
Receita Estadual, Marcio de Albuquerque Lima.
Deste
cenário, o SindijorPR criou e segue organizando a campanha ´Basta: Chega de
perseguição a jornalistas´. “É inaceitável os profissionais da imprensa sejam
perseguidos e ameaçados, quando não agredidos na prática, por cumprirem seus
papéis quanto trabalhadores, divulgando os fatos de interesse público. O dia 29
de abril é o exemplo máximo dessa violência do Estado, estamos organizados e
mobilizados para coibir essas ações, principalmente no interior onde acontecem
com mais facilidade”, afirma Gustavo Vidal, diretor-presidente do Sindicato.
Não esqueceremos
Os
professores estaduais, para manter a memória viva, a partir de deliberação do
Conselho e da Assembleia da APP-Sindicato, nesta terça-feira (29) promovem
mobilizações nas escolas públicas da rede estadual de ensino. Entre as ações
está proposto uma oficina que se produzam redação e desenhos com o tema: “A
ESCOLA QUE QUEREMOS”.
“Vamos
realizar um dia de luta e resistência em cada escola do nosso Estado.
Considerando que o ajuste fiscal do governo Richa, do PSDB, penaliza a
população, servidores e, mais diretamente, professoras, funcionárias e, por
consequência, a comunidade estudantil, que tem – com essas medidas – a
qualidade da aprendizagem mais precarizada”, explica o presidente da entidade,
professor Hermes Silva Leão, para o site da APP-Sindicato.