Depois de mais de seis meses de recusa dos empresários da comunicação em repor pelo menos a inflação dos salários dos jornalistas, trabalhadores do Paraná, reunidos em assembleias na quarta-feira, 16 de novembro, aceitaram a imposição das empresas de reajuste de 7% dos salários, dividido em três parcelas (4% em novembro de 2022, 1,5% em janeiro de 2023 e 1,5% em março de 2023 - as últimas duas terão retroativo a novembro).
A inflação acumulada na data-base, em maio de 2022, foi de 12,47%, ou seja, as empresas deixarão de repassar 5,47%, elevando as perdas dos jornalistas. Se considerado o acumulado de outras duas Convenções Coletivas de Trabalho (CCTs de 2020 e 2021), quando houve imposição de perdas de 5,3%, os trabalhadores já tiveram uma defasagem de 10,77% nos salários só nos últimos três anos. Isso sem contar o retroativo de maio a outubro de 2022, que não será pago.
Para os jornalistas que participaram das assembleias, promovidas pelos Sindicatos em suas bases territoriais, as perdas acumuladas desde o período mais crítico da pandemia de Covid-19 deverão ser obrigatoriamente integradas à pauta de reivindicações para a renovação da próxima Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Durante a negociação da CCT 2022/2023, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) tentaram negociar a reposição das perdas dos anos anteriores, além do índice inflacionário, mas receberam negativas e ataques ao exercício profissional da categoria. No fim, restou em mesa de negociação o reajuste dos salários e a garantia de direitos dos trabalhadores.
Ainda sobre a CCT 2022/2023, os Sindicatos alertam que a negociação começou em março deste ano, quando uma pauta com reinvindicações foi encaminhada aos patrões e foi ignorada pelos empresários até o início de maio. Tanto o SindijorPR quanto o Sindijor Norte PR entendem que a abertura das negociações para a próxima CCT deverá ser ainda mais antecipada, de preferência com uma Mesa de Negociação em fevereiro de 2023, sugestão que também surgiu em uma das assembleias. Os jornalistas têm a intenção de lutar desde o início das negociações pela recomposição do poder de compra da categoria.
As entidades que representam jornalistas já enviaram documento comunicando o Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado do Paraná (Sert-PR) e o Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (Sindejor-PR) da aprovação, em assembleias, do reajuste de 7% - com retroativo a novembro e parcelado. O próximo passo é o registro da CCT 2022/2023 no Ministério do Trabalho e Emprego e aplicação dos índices.
Com a aplicação do índice votado nas assembleias, o piso profissional no Estado passa a ser de R$ 4.077,44 e que já entra em vigor imediatamente após a formalização da renovação da CCT 2022/2023.
Descontentes
Muitos dos jornalistas que participaram das assembleias queriam a continuidade da resistência à imposição patronal, principalmente porque o reajuste não atende às necessidades da categoria que tem sofrido com o achatamento do piso. A insistência dos patrões em ignorar o retroativo devido aos trabalhadores nos últimos anos, rompendo uma prática histórica, também vem sendo vista com maus olhos pela categoria que, abertamente, criticou o que foi considerado como um "assalto" ao bolso dos profissionais.
O SindijorPR e o Sindijor Norte PR alertaram que é preciso mais união dos próprios jornalistas para mostrar força contra essas atitudes grosseiras que têm sido impostas pelos patrões, principalmente para a CCT 2023/2024 no próximo ano.