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24/11/2022

Organizações de imprensa acionam autoridades locais para investigar mais de 60 ataques a jornalistas

Organizações de imprensa acionam autoridades locais para investigar mais de 60 ataques a jornalistas
Abraji

Abraji, FENAJ e Instituto Tornavoz cobram investigação dos ataques a autoridades nos Estados


Diante do crescimento exponencial de agressões e ameaças a jornalistas que acompanham as manifestações antidemocráticas em todo o país, entidades nacionais de imprensa acionaram as autoridades locais para cobrar mais segurança e investigação da autoria dos ataques. As petições são assinadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e Instituto Tornavoz, que oferecem apoio jurídico para o pleno exercício da liberdade de imprensa.


Os documentos estão sendo remetidos às autoridades de todos os estados onde foram registrados ataques, como Ministério Público, Secretaria de Segurança Pública do Estado e Superintendência Regional da Polícia Federal. São 54 ofícios em 18 estados. Desde o final do ano passado, as organizações têm alertado para o crescimento da violência política, potencializada pelo discurso radicalizado da eleição.


Consideradas antidemocráticas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por negarem o resultado eleitoral e reivindicarem uma intervenção militar para manter o presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, as manifestações têm perdido força diante de quartéis e em bloqueios de rodovias. No entanto, a violência desses grupos contra os jornalistas só tem aumentado.


Levantamento feito pela Abraji em parceria com a FENAJ mostra que, desde 30 de outubro, quando se deu o resultado eleitoral, até esta quarta-feira (23/11), foram registrados 64episódios que envolveram agressão física, ameaças de morte, expulsão de equipes dos locais públicos onde se davam os protestos e até um atentado a tiros contra a redação do site Rondônia Ao Vivo, em Porto Velho.


“Os ataques aos jornalistas preocupam cada vez mais porque escalam não só em quantidade, mas na gravidade das agressões e ameaças. As forças de segurança precisam dar o devido apoio ao trabalho jornalístico e garantir a liberdade de imprensa”, afirmou a presidente da Abraji, Katia Brembatti.


Para a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, a impunidade dos agressores continua sendo um dos combustíveis para a manutenção da violência contra jornalistas em níveis alarmantes. “É preciso garantia do Estado brasileiro ao exercício livre e seguro dos jornalistas. Portanto, investigar e punir os agressores é uma tarefa urgente”, disse.


No rastro do dinheiro das manifestações


Um dos casos registrados pelas entidades vem de Manaus e se trata de ameaças de morte à repórter Ívina Garcia, da Revista Cenarium. Desde que publicou uma reportagem exclusiva sobre e os financiadores dos atos antidemocráticos no estado, na sexta-feira passada (18/11), Garcia vem sendo alvo de ofensas, xingamentos e ameaças de morte.


No Boletim de Ocorrência registrado ontem (22/11), a jornalista reportou que vem sendo perseguida e ameaçada verbalmente por um grupo que dissemina ódio e quer cessar sua liberdade de imprensa. As entidades tiveram acesso às mensagens violentas e não vão reproduzi-las aqui. Um perfil chama militantes de extrema direita a caçá-la, outros estendem as ameaças à família da repórter. Sob ameaça e tensão, ela teve de se afastar do trabalho por 10dias.


Garcia flagrou, na quinta-feira passada (17/11), a entrega de uma das doações ao ato extremista em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA). Um manifestante dos movimentos considerados golpistas e inconstitucionais fornece água e refrigerante aos demais militantes que não aceitam a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reportagem investigou os dados da placa do veículo e conseguiu identificar que o dono é um empresário do ramo de varejo. Cinco empresas aparecem envolvidas no patrocínios aos atos.


Outra jornalista que sofreu ameaças foi a repórter da TV Assembleia de Mato Grosso, Deisy Boroviec. Ela registrou boletim de ocorrência na segunda-feira (21/11) em Cuiabá contra um homem que a ameaçou pelo Facebook.


“A Abraji se solidariza com Ívina Garcia, Deisy Boroviec e com todos os colegas agredidos nestas três últimas semanas e reafirma que está atenta ao combate à violência política e à elucidação desses casos”, completou Brembatti.


Com informações da Abraji e FENAJ

Autor:Abraji Fonte:Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
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