A publicação será apresentada em live na terça-feira (3/05) e relaciona violência contra jornalistas e precarização da profissão à degradação de direitos
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) lançam na próxima terça-feira, 3 de maio, o dossiê “Ataques ao Jornalismo e ao Seu Direito à Informação”, uma publicação que aprofunda o debate sobre a violência contra o jornalismo no Brasil e seus impactos nos direitos da sociedade, como o direito à informação. Para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e apresentar o dossiê, uma live no YouTube reúne a presidenta da federação, Maria José Braga, e o coordenador do grupo de pesquisa, Rogério Christofoletti. A live começa às 19h30 com transmissão simultânea por canais de sindicatos dos jornalistas de todo o Brasil no Facebook.
Produzido ao longo de três meses e dividido em quatro capítulos, o dossiê parte dos dados apresentados no “Relatório de Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa 2021”, elaborado anualmente pela FENAJ desde 1998, e analisa aspectos que envolvem o ambiente hostil para a atividade jornalística no país. "O monitoramento dos ataques é fundamental para documentar a escalada da violência, mas apontamos também no dossiê como a precarização do trabalho e a perseguição aos jornalistas afetam as vidas das pessoas comuns”, afirma Christofoletti. A presidenta da FENAJ explica que o lançamento da publicação no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é uma maneira de contribuir para o debate público e de ajudar a consolidar direitos no Brasil. Afinal, ataques ao jornalismo também ajudam a corroer a democracia e as conquistas civilizatórias acumuladas há décadas.
O DOSSIÊ
Com 41 páginas e em formato eletrônico para download, a publicação oferece análise, interpretação de cenários e recomendações práticas para o combate à violência contra os jornalistas.
Na primeira seção, assinada pelo professor Alisson Coelho, os números ganham rostos e nomes, com as histórias por trás dos casos que vão de campanhas difamatórias nas mídias sociais, como ocorreu com o repórter independente, Ed Wilson Araújo, a ameaças e intimidações diretas, como aconteceu com o editor-executivo de The Intercept Brasil, Leandro Demori.
Em seguida, a pesquisadora Janara Nicoletti traça uma relação nem sempre aparente entre a precarização do trabalho dos jornalistas e a violência que afeta esses profissionais. Por meio de relatos dramáticos e no diálogo com outros estudos, Janara mostra como as ameaças não vêm apenas de fora do campo profissional, mas muitas vezes estão no próprio local de trabalho, na forma de sobrecarga, assédios ou de atraso no pagamento de salários, como o que vem ocorrendo no Diário de Pernambuco desde 2019.
Discutir como os atentados à liberdade de imprensa, por meio de ataques a jornalistas, e a violação de Direitos Humanos, especialmente do Direito à Informação, é o foco da terceira seção do dossiê, assinada pelo pesquisador Rogério Christofoletti. Mais que problema de uma categoria profissional específica, a situação deveria preocupar a todos os cidadãos. Por meio de entrevistas com especialistas de instituições independentes que acompanham os riscos à liberdade de expressão e de imprensa em diversos países, como a Artigo 19 e a Repórteres Sem Fronteiras, o contexto brasileiro é analisado de forma aprofundada.
De autoria do presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo (SBPJOR), Samuel Pantoja Lima, a quarta seção encerra o dossiê levando a questão da violência contra jornalistas e as ameaças à liberdade de imprensa a representantes de diversos setores da sociedade. Em destaque, o resgate sobre o Projeto de Lei 191/15 do deputado federal Vicentinho (PT/SP), que tem a proposta de federalizar os crimes contra a atividade jornalística. Ao final, o também coordenador do objETHOS enumera um conjunto de recomendações práticas para mitigar a violência contra jornalistas no Brasil.
SOBRE O ObjETHOS
O Observatório da Ética Jornalística (objETHOS) está vinculado ao Departamento de Jornalismo e ao Programa de Pós-Graduação em Jornalismo (PPGJOR) da Universidade Federal de Santa Catarina. Surgiu em 2009, e é uma iniciativa de pesquisa, acompanhamento e monitoramento da ética praticada por jornalistas e meios de informação. A equipe é formada por pesquisadores de cinco reconhecidas universidades brasileiras (UFSC, UFF, Feevale, UFPel e UFBA), e por pesquisadores em nível de doutorado, mestrado e graduação.
SOBRE A FENAJ
A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) está efetivamente incorporada às lutas em defesa dos jornalistas e do jornalismo no Brasil. Criada em 20 de setembro de 1946, a FENAJ sempre se destacou na longa e árdua jornada pela adoção de regras que organizassem a profissão e garantisse para a sociedade acesso público à informação ética e plural. Com mais de 40 mil jornalistas associados aos seus 27 sindicatos estaduais e quatro municipais, a Federação tem dado demonstrações históricas de preocupação com a liberdade na comunicação e com a democracia como valor inalienável do cidadão sem abrir mão de sua missão principal de lutar por melhores condições de vida e trabalho para os jornalistas profissionais.
SERVIÇO
Lançamento do dossiê “Ataques ao Jornalismo e ao Seu Direito à Informação”, com Maria José Braga (FENAJ) e Rogério Christofoletti (ObjETHOS)
Quando: Terça-feira, 3 de maio, às 19h30min
Onde: Canal da FENAJ no YouTube