Uma carta conjunta entre o SindijorPR e o Sindijor Norte foi enviada aos patrões nesta quarta-feira (13)
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e o Sindijor Norte enviaram uma carta conjunta nesta quarta-feira (13) aos patrões. Em pauta: as negociações da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT)2021/22, que estão travadas desde que os empresários, representados por um advogado, voltaram a oferecer 1% de reajuste aos profissionais. Esse percentual já foi negado em assembleia conjunta da categoria.
Na última reunião de negociação da CCT, em 2 de setembro, os Sindicatos reforçaram a questão financeira dos 7,59% de reajuste e não obtiveram retorno. Havia o compromisso de uma nova reunião após a semana do feriado de 7 de setembro, mas permanecemos sem resposta para outra mesa de negociação e avanço além do 1% – O MESMO QUE NADA, dada às perdas de mais de 14% nos salários dos trabalhadores da comunicação.
Leia o que os Sindicatos enviaram aos patrões:
Jornalistas perdem mais de 14% do salário e empresas oferecem só 1%
Queridos patrões, os jornalistas já estão sem paciência para a desculpa de que 1% – quiçá, como esmola, um cadinho de ZERO vírgula alguma coisa além disso – é o máximo que vocês têm capacidade para oferecer à categoria. Vejam, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) vieram até vocês com o pedido de reposição inflacionária de 7,59%, SETE vírgula CINQUENTA E NOVE por cento. Não UM. Aliás, esse um já foi negado em assembleia conjunta entre os Sindicatos e a Categoria, algo que vocês tentaram impor uma segunda vez consecutiva e os representantes da categoria não aceitaram. Como continuam a não aceitar.
Houve um salto de fé de que passado o feriado de 7 de setembro, um mês atrás, vocês, os patrões, fariam a reconsideração de um índice maior do que o “1%”, mas nem isso. Vocês também não querem falar com a categoria e estão se escondendo atrás de um advogado sem muitos poderes de negociação inflacionária. É algo que já chega pronto, como se jornalistas tivessem que aceitar, a todo custo, o que vocês querem. Só que jornalistas não são bobos, eles sabem dos seus investimentos, sabem que enquanto arcam com gasolina nas alturas e com a perda do poder de compra como trabalhadores. Há quem mande buscar de jatinho apresentadores e equipes de TV no interior do Estado. SIM, estamos bancando, com o nosso trabalho, o combustível das aeronaves de vocês.
Além disso, sabemos das reformas, das previsões milionárias de investimentos em prédios novos e em equipamentos. Alguns deles, bancados com dinheiro público recebido por publicidades, igualmente milionárias. Também sabemos das suas viagens a outros países e a ostentação com carrões que exigem anos de trabalho de um jornalista. É quando chega a hora de negociar que vocês se escondem. Escondem que a crise de vocês é de não poder comprar, no mês, mais uma emissora de rádio, um champanhe, ou mesmo pisar em outro país. SIM, nós, jornalistas, sabemos de tudo isso, só evitamos tocar nas feridas por que gostaríamos, de fato, de negociar.
Dito isso, queremos que vocês nos respeitem. Aos jornalistas, e aos Sindicatos que negociam pela categoria. Nossos salários já acumulam perdas inflacionárias de 1,25% (da Data Base de maio/2019) e 12,70% de inflação acumulada (maio/2020 a setembro/2021), cujo TOTAL chega a 14,11% – dados via Dieese. Ao justo e aos justos, os jornalistas pedem respeito ao índice de correção nos proventos, solicitado pelos Sindicatos, de 7,59%, que é bem menor do que deveria ser, mas satisfaz parte do desejo dos trabalhadores. Nós nos solidarizamos com as perdas de vocês na pandemia e com reduções salariais que nem sempre tiveram suas justificativas plausíveis – não com aqueles milhares e milhões que vocês usam para investir, viajar e “aproveitar a vida”. Também temos vida, sabem?
Não queremos uma offshore para chamar de nossa. Essa vocês podem ficar, mas sabemos o que vocês fazem. Somos jornalistas e não queremos expor para a sociedade o quão desproporcional essa tentativa de impor 1% é. Há editais de contratação, empenhos publicitários e balanços financeiros que envolvem as empresas, que são públicos, tal como os anúncios que vocês, patrões, fazem envolvendo investimentos. Investir é bom? COM CERTEZA, e os jornalistas estão torcendo para que as empresas estejam bem e fiquem bem, pois seus empregos também dependem disso. Mas está faltando olhar para nós, os jornalistas, que na crise andam de ônibus e não em jatinhos ou carros de luxo.
E já que nos foi solicitado, mais uma vez vai a contraproposta da Categoria, aqui representada pelo Sindijor Norte PR e SindijorPR aos seus 1%: o nosso pedido é de 7,59%, com renovação da Convenção Coletiva de Trabalho 2021/22. Como ato de boa fé, os Sindicatos se comprometem a conversar com os jornalistas e podem ceder quando o assunto é o parcelamento desse índice na assinatura da CCT, mas não mais do que isso. Também não queremos mostrar nem 1% do aumento do patrimônio que vocês, patrões, tiveram em plena crise. Seus leitores, ouvintes ou telespectadores merecem saber que respeitam os jornalistas e crescem COM os jornalistas, que são parceiros das próprias imagens que vocês constroem publicamente.
Em nome de uma relação saudável entre seus jornalistas, o mercado e a sociedade, respeitosamente pedimos que reconsiderem os 7,59%. Nós somos parceiros e não queremos que ninguém veja as empresas apenas como aproveitadoras de mão de obra.