Reajuste salarial é aprovado por jornalistas do Paraná com manutenção de direitos da CCT

A aprovação da proposta patronal não foi unanimidade entre os jornalistas do Paraná. Insatisfação com a ausência de reposição das perdas acumuladas é crescente

As negociações para renovar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2024/2025 dos jornalistas chegaram ao fim na última quinta-feira, 16 de maio, quando a categoria decidiu aprovar, em assembleias, reajuste salarial de 3,23%, o total da inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses até a data-base (1º de maio), e manutenção de textos da CCT, que vigorou entre os anos de 2023/2024, para o novo ciclo. A proposta de reajuste partiu dos patronais, que também acataram o pedido feito pelos jornalistas, de renovação das demais cláusulas.

Foram duas assembleias, conduzidas em ambiente virtual nas bases dos jornalistas representados pelo SindijorPR e Sindijor Norte PR que, somados, agem lutando pelos profissionais de todo o Paraná. O resultado, com a aprovação da proposta dos patronais, foi formalizado com a soma de votos das duas assembleias e vale para uma CCT unificada. As assembleias são soberanas e é nesses ambientes que o futuro dos jornalistas é discutido.

A aprovação da proposta patronal não foi unanimidade entre os jornalistas do Paraná. Houve intenso debate em torno do baixo valor de reajuste salarial e sugestões para que a luta por um percentual melhor continuasse. De fato, como apontou levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Paraná (DIEESE-PR), realizado a pedido dos sindicatos de jornalistas, as trabalhadoras e os trabalhadores já perderam mais de R$ 19 mil com reajustes abaixo da inflação e negociações em atraso, com a ausência de retroativos, desde 2020. Ao todo, o DIEESE-PR indicou perda percentual de 10,41%.

Pesou para os jornalistas, no atual momento, o fato dos patronais formalizarem proposta com o total da inflação e sem aumentar ainda mais as perdas para a CCT 2024/2025. "Nas negociações, os sindicatos reforçaram que o mínimo aceitável seria o total da inflação e zerar as perdas acumuladas, mas as empresas apresentaram essa última proposta sem nenhuma reposição passada. Mesmo com a aprovação neste ano, os jornalistas não vão desistir da recuperação na próxima CCT", afirma Ricardo Andretto Fonseca, Secretário Geral do Sindijor Norte PR.

Os sindicatos que representam jornalistas profissionais do Paraná vão seguir lutando em nome das e dos jornalistas, inclusive pensando em uma campanha permanente de lutas a ser iniciada em breve. "A insatisfação é crescente entre a categoria. As perdas impostas e acumuladas desde a pandemia ainda nos afetam e são agravadas por tudo o que os profissionais enfrentaram quando arriscaram suas vidas para trabalhar em meio ao medo da doença. A aprovação da CCT não significa que seguiremos calados. Vamos organizar a luta pela reposição dessas perdas", expressa Aline Rios, diretora de Defesa Corporativa do SindijorPR. "Uma das propostas é voltar a visitar presencialmente as redações", reforça Ricardo Andretto Fonseca, do Sindijor Norte PR.

Os sindicatos de jornalistas já formalizaram o resultado das assembleias ao Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Paraná (SERT-PR) e ao Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (SINDEJOR), patronais que representam as empresas de comunicação do Paraná. Com o reajuste de 3,23%, o salário normativo dos jornalistas profissionais passa a ser de R$ 4.370,34 a partir da data-base, 1º de maio. Todos os direitos conquistados há décadas pela categoria seguem mantidos, entre eles o anuênio e hora extra de 100%.

Campanha Salarial Unificada

As ações em torno da renovação da CCT dos jornalistas paranaenses integram a campanha salarial unificada, lançada em 2023 pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). A Federação articula as prioridades das lutas entre os 31 Sindicatos de Jornalistas do país. Além de lutar por aumento real e correção de perdas, a campanha salarial unificada reivindica ainda protocolos de segurança para a atividade, ações de prevenção contra violência e assédio, igualdade de oportunidades, entre outras.