Feliz Dia do Jornalista? Folha de Londrina afronta trabalhadores com R$ 1,2 mil de salário

Hoje é o Dia do Jornalista! Era para a data ser celebrada pela categoria e lembrada para a sociedade, que depende das informações dos jornalistas em todos os meios de comunicação. Não se faz jornalismo sem jornalistas e não existe jornalismo sem jornalistas. Ponto. Mas profissionais de Londrina não têm como celebrar a data, uma vez que o atual dono da Folha de Londrina, Nicolás Mejía, veículo de mídia tradicional da cidade do Norte do Paraná, afrontou trabalhadores na última sexta-feira, 5 de abril, e pagou R$ 1,2 mil de salário aos jornalistas.

Mil e duzentos reais. O valor nem chega aos R$ 1.412 do salário mínimo brasileiro. Há uma distância ainda maior do mínimo regional paranaense, que pode passar de R$ 2,1 mil (técnicos de nível médio). Oficialmente, o valor real para profissionais jornalistas que trabalham no Paraná não pode ser inferior a R$ 4.233,60. E que o Sr. Mejía fez? Nas vésperas do Dia do Jornalista? Quis ele seguir pelo seu próprio sistema de pagamentos paralelo, onde a empresa parcela, ignorando direitos trabalhistas, a contrapartida pelo suor dos profissionais que ainda aguentam passar por mais esta humilhação.

Nicolás Mejía é reincidente na prática de não pagamento de salários em dia. Deve ele os 13º salários de 2022 e 2023 aos jornalistas da Folha de Londrina. Além disso, nos holerites dos profissionais, ele lista o “pagamento” do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), mas não deposita o dinheiro nas contas do fundo desde janeiro de 2022. E fica pior: há trabalhadores que ainda não receberam parte do salário de 2022, algo que tem sido sistematicamente ignorado pelo empregador.

E TEM MAIS! Recentemente, informes de rendimento referente ao Imposto de Renda foram entregues aos trabalhadores onde consta o pagamento, que não foi realizado, do 13º salário de 2023. Informalmente, jornalistas revelaram ao Sindicato de Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) que foram orientados a mentir para a Receita Federal, o que configuraria uma fraude, sujeita a investigação. Provocado, e por orientação jurídica, este Sindicato orientou os jornalistas a não declararem o que não receberam.

O dono da Folha de Londrina, Nicolás Mejía, além de afrontar os jornalistas, afronta ele também uma decisão da justiça que obriga a empresa a pagar os salários em dia. Em caso de atraso, ou pagamento parcial, há multas que podem chegar a até 100% do salário devido. As multas devem ser revertidas aos trabalhadores atingidos pelo não pagamento. Ao que o Sindicato acompanha, Nicolás não tem cumprido com o acordo judicial. O acordo foi assinado em outubro de 2022 e, um mês depois, a primeira parcela do 13º daquele ano já não foi paga.

Fora do conhecimento da justiça, a Folha de Londrina quis celebrar um acordo com os funcionários em novembro de 2023. Naquela ocasião, em uma reunião, ele deu de presente aos trabalhadores, no dia em que o jornal “comemorava” seus 75 anos, a informação de que não pagaria o 13º daquele ano e que só começaria a regularizar a situação em março de 2024. Já estamos em abril. A nova “promessa” é que a regularização dos atrasos comece a acontecer somente no dia 17 deste mês.

Mas não dá para acreditar no que o gestor da Folha de Londrina diz. O Sindijor Norte PR, tal como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), repudiam a falta de respeito com trabalhadores e trabalhadoras.

Jornalistas da Folha de Londrina, acompanhados pelo Sindijor Norte PR, estão cansados. Os atrasos salariais começaram a acontecer em 2019 e seguem acontecendo. Entre os desabafos, muitos relatam problemas de saúde, físicos e mentais, decorrentes da situação. Não há como estes profissionais encontrem motivos para comemorar, mesmo em um dia reservado a eles.

Solidariedade

O SindijorPR lamenta a situação das trabalhadoras e trabalhadores da Folha de Londrina e se solidariza a todas e todos, somando-se ao Sindijor Norte PR na luta pelo respeito à dignidade dos jornalistas e no repúdio ao total descaso empresarial nessa situação.

***Texto publicado originalmente pelo Sindijor Norte PR em 07/04/2024