ARTIGOS
Caros juízes e promotores,
Como jornalista, gostaria de pedir desculpas pela ousadia de alguns de meus colegas que publicaram notícias a respeito dos seus (sub)salários. Afinal, não há problema em ganhar R$ 527,5 mil ao ano, sendo apenas 28% acima do teto salarial do poder judiciário (me desculpem divulgar esses dados públicos disponíveis no Portal da Transparência), acrescidos com moradia e verbas indenizatórias.
Nos desculpem por tornar informações de interesse público... públicas, pressupondo que o cidadão paranaense que paga seus impostos tem o direito de saber onde está sendo gasto o seu dinheiro. Que audácia!
Infelizmente, não nos atentamos para o fato de que a Justiça, apesar de ser um dos poderes da República, está acima de qualquer outro poder, assim como alguns de seus membros. O problema é nossa incapacidade de compreender que existem figuras públicas que não devem ser alvo de investigação e de denúncia na imprensa. Nossa falta de bom senso nos levou a desconsiderar os privilégios que, apesar de imorais, são intocáveis.
A partir de agora, não vamos mais denunciar qualquer irregularidade sobre o poder judiciário e de alguns de seus membros que porventura possam ter sido cometidos ou que serão cometidos no futuro. Não ousaremos mais falar mal de juiz ou promotor (não sei se posso citar) ou divulgar qualquer informação que comprometa as suas ilibadas trajetórias.
Esse pedido de desculpas é para aliviar o constrangimento que lhes causamos e evitar que vocês tenham que gastar seu precioso tempo para responder publicamente questões como dos seus suados salários ou em mover 47 processos contra jornalistas que pretendam divulgar informações que causem a vocês algum desgaste, obrigando-os a comparecer em diferentes tribunais do interior do Paraná para prestar esclarecimento, deixando de lado suas famílias e trabalho, em sentenças que podem resultar no pagamento de indenizações por danos morais.
Espero não ser mal interpretado ou processado.
Atenciosamente,