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O debate em torno da liberdade de imprensa no Brasil é, sem dúvida, um dos temas mais presentes entre as principais preocupações dos jornalistas. Em um país com histórico autoritário como o Brasil, ou onde existe uma forte tendência ao oligopólio, o direito ao exercício profissional pleno do jornalismo parece ainda distante do ideal. As consequências incidem diretamente sobre o direito de acesso à informação dos cidadãos, cujo princípio está ligado ao interesse público e consolidação de regimes democráticos.
A questão é que existe pouca informação organizada cientificamente para determinar o que se pode entender por liberdade jornalística e se de fato existe censura a este tipo de conteúdo no país. Também faz parte das perguntas a serem respondidas a origem das interferências sobre o trabalho jornalístico. Dentre as práticas mais conhecidos estão as chamadas “pautas recomendadas” ou “pautas rec”, ameaças, violência contra jornalistas e dificuldades para acesso a informações públicas. Os mecanismos de controle editorial podem ser identificados por meio de ações endógenas ou exógenas às redações.
Uma consulta nacional aos jornalistas sobre a liberdade no jornalismo brasileiro procura contribuir para gerar dados mais precisos sobre este tema. O objetivo é apontar os atuais graus e mecanismos de censura aproveitando as novas possibilidades de pesquisa, que se utilizam de ferramentas digitais, a exemplo do que já vem ocorrendo em vários outros projetos que recorrem ao método de survey online.
Dentre os principais desafios da pesquisa sobre liberdade jornalística está o de atingir um mínimo de 2.800 respostas para garantir a validade metodológica dos dados. A meta está baseada no levantamento realizado para a elaboração da pesquisa “Perfil do Jornalista Brasileiro”, do qual resultou o relatório nacional com um censo sobre os jornalistas publicado em 2013, coordenado pelos professores Jacques Mick e Samuel Lima.
Resultados serão divulgados no início de 2016
A pesquisa atual vem sendo organizada pelo grupo Comunicação e Democracia, do Departamento de Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Além da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e sindicatos, a pesquisa também conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). São apoiadores do projeto o Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ) e o Programa de Pós-graduação em Jornalismo da UEPG.
A divulgação da consulta vem sendo realizada em todo o território nacional por meio de parcerias com sindicatos, organizações de jornalistas, programas de pesquisa e contatos via redes sociais. O questionário online (http://j.mp/liberdadejornalistica) está disponível desde o início de outubro e deve seguir até dezembro. O roteiro é anônimo, composto de 50 perguntas e pode ser respondido em aproximadamente 10 minutos.
Os dados obtidos a partir do questionário devem ser organizados em forma de relatório a ser divulgado no início de 2016. Os resultados podem contribuir com pesquisas relacionadas à prática profissional jornalística e para determinar os principais desafios do jornalismo brasileiro.
Outras informações: http://www.comunicacaoedemocracia.jor.br/ –https://www.facebook.com/liberdadejornalistica