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ARTIGOS

Autor: Milton Ivan Heller
30/08/2013

Pátria amada

Depois que Roberto Campos proclamou que o nacionalismo é o ultimo refúgio dos cretinos, nos idos de 1964, ficou difícil comemorar o dia da nossa suposta independência. Ele Roberto foi um grande sujeito que Jango, num momento de rara inspiração, nomeou embaixador nos Estados Unidos. Foi ele, Roberto, um orgulhoso intermediário entre a CIA, o embaixador Lincoln Gordon e o bravo marechal Castelo Branco, que chefiou a conspiração para derrubar o presidente, na quartelada de 1º de abril. João Goulart aumentou o salário mínimo em 100%, criou o 13º salário, prestigiou os sindicatos, estendeu os direitos trabalhistas aos trabalhadores rurais, inventou o Estado do Acre e o Ministério da Indústria e Comércio, prometeu acabar com o latifúndio e regulamentou a lei de remessa de lucros das multinacionais, que teriam de aplicar 90% dos seus ganhos em investimentos orientados e parcialmente financiados pelo governo, para fazer do Brasil um bom lugar para se viver. Mas este país tropical não estava pronto para Jango e muita gente estourou champanhe e bombinhas de S. João quando ele caiu.
Sucederam-se os horrores da tortura, os mortos e desaparecidos e mais de cinco mil exilados. Nossa dívida externa sob João Goulart era de 3,6 bilhões de dólares e depois do patriótico regime de 1964 o Brasil tornou-se o maior devedor do mundo, com um passivo de mais de 100 bilhões de verdinhas. Dinheiro pra dedel. Os militares no poder aceitaram a armadilha dos juros flutuantes, que em 1999 chegaram a estratosféricos 45%. Resultado: mais da metade do nosso pibinho é destinado a pagar os juros, enquanto o principal cresce como bola de neve. Os jornalões que apoiaram a ditadura mobilizam todos os seus recursos para atribuir à Dilma a responsabilidade dos nossos problemas sociais e econômicos. Não dizem que o pessoal do prende e arrebenta deixou um legado amargo como jiló para as futuras gerações. Hoje a nossa dividazinha é de 300 bilhões de dólares e pico, noves fora os juros. Poderia ser maior, mas Lula o metalúrgico zerou as nossas contas com o FMI, que hoje nos deve uma nota preta e paga juros razoáveis.
Esta nova democracia é dominada pela direita rançosa e pela mídia que infelicita este país do futebol e do carnaval. Nenhum governo pode fazer bulhufas. É escravo da dívida e dos banqueiros internacionais. É por isso que quando se diz que a situação está ruim, a única certeza que nos resta é que tudo vai piorar muito mais. Quem pensar o contrário deve consultar um analista com urgência!
 

*O artigo de opinião é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Sindijor-PR.
 

Articulista: Milton Ivan Heller
É jornalista e escritor.
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