A Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vê com preocupação a contratação do jornalista Denian Couto como comentarista da Rede Massa, no Paraná. Couto ameaçou de morte a ex-noiva e também jornalista, em 2019, e foi apontado como autor de agressões verbais e físicas de pelo menos outras quatro mulheres. Diante do cargo que ocupa, em que se vale da opinião para analisar fatos e temas profundos à sociedade, esta Comissão se opõe à função a ele estabelecida, sobretudo pela impunidade dos seus atos.
As ações de Couto foram denunciadas em uma reportagem do The Intercept Brasil em março de 2019, quando o jornalista atuava como âncora do Grupo RIC. Sua ex-noiva era colega de trabalho e sequer foi protegida, tendo que trabalhar no mesmo andar que seu agressor.
Na mesma data que a denúncia veio à tona, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) se posicionou publicamente contra a prática de violência de gênero e contra o entendimento da empresa de tratar o assunto como problema particular do ex-casal. Também foram acionados via ofício o Grupo RIC, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e a Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa do Paraná.
À época, um procedimento investigatório foi aberto pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Na esfera criminal, entretanto, sem negar as ameaças e sob alegação de “forte emoção”, Couto se esquivou do processo. Um ato público em frente à emissora também contou com apoio do SindijorPR, onde foi pedida a saída de Couto, fato que ocorreu depois. Novamente, agora, as entidades de defesa da categoria se manifestam publicamente contra a contratação de Couto.
A violência contra a mulher não deve ser tolerada, tampouco a impunidade e o destaque a agressores. A FENAJ e seus Sindicatos filiados lutam para que redações de todos os estados brasileiros sejam espaços livres de violência, de assédio e de abuso. Por isso, ainda que Couto seja jornalista, suas práticas em desacordo com a ética e moral civil fazem esta Comissão repudiar sua contratação para um posto de destaque.
O estatuto da FENAJ resguarda a ação sindical para além das relações que dizem respeito às negociações trabalhistas, privilegiando também a defesa da cidadania, da função social do jornalismo, da qualidade de vida e das relações sociais, do apoio à diversidade e do respeito às questões raciais e de gênero, elementos estruturantes da manutenção da democracia nesta conjuntura tão adversa que vivemos.
Repudiamos, portanto, a atitude da emissora Rede Massa em dar espaço a uma pessoa que desrespeita o mínimo que se espera de um profissional jornalista e que, notoriamente, busca palanque para suas investidas políticas.
Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas da FENAJ