SindijorPR pede iniciativas de enfrentamento à violência sofrida por jornalistas no Paraná

Foto: Silvia Valim/SindijorPR

Diretores do SindijorPR apresentaram nesta segunda-feira (11/04) durante o Grande Expediente da sessão na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) dados que mostram aumento de casos de violência contra jornalistas e fizeram um apelo a deputados e deputadas para que apoiem os profissionais no enfrentamento à violência, assegurando o direito ao exercício profissional, liberdade de imprensa e o respeito constitucional ao direito à informação.

O presidente do SindijorPR Celio Martins, em discurso no plenário da Casa Legislativa, relatou o caso mais recente, de agressões sofridas por colegas durante a cobertura de um protesto em frente a um Centro Comercial no centro de Curitiba. O ataque contra os profissionais aconteceu um dia depois da data que marca o dia do jornalista no país. "Jamais presenciei como nos tempos atuais, uma onda de violência tão intensa contra jornalistas. Isto só tem paralelo com o período da ditadura", afirmou Martins.

O deputado estadual Tadeu Veneri, que solicitou o uso da tribuna pelo SindijorPR na sessão desta segunda-feira, comentou também sobre o constrangimento sofrido por vários jornalistas durante o exercício profissional. "Jornalista não cria, ele relata a notícia", destacou Veneri, lembrando um outro caso recente, de um jornalista que foi exposto nas redes sociais após ter registrado a imagem de um ônibus de um conhecido empresário catarinense que teria estacionado em local proibido em Curitiba.

A diretora de defesa corporativa do SindijorPR , Aline Rios, apresentou um resumo do panorama de violência enfrentado pelos profissionais da imprensa, com base em relatórios elaborados por organizações como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). Atentados, ameaças, agressões físicas e verbais, ataques virtuais, impedimento ao exercício profissional, assédio moral e sexual, entre os outros tipos de violência aumentaram nos últimos anos segundo Rios, que pesquisa há mais de três anos sobre o tema - que foi objeto de sua dissertação no mestrado em Jornalismo, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em 2021. De acordo com Rios, tomando por base os dados divulgados pela FENAJ, o Paraná é atualmente o quarto Estado no ranking de violência contra jornalistas. A diretora, que representa o Estado na Comissão Nacional de Mulheres Jornalistas, ressaltou também o aumento da violência praticada contra mulheres que atuam no Jornalismo. 

A jornalista enfatizou ainda a necessidade da ratificação pelo Brasil da Convenção nº 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre violência e assédio no trabalho, vigente desde 2021. "Fazemos um apelo para que os deputados, sobretudo os que pretendem disputar os cargos federais, nos ajudem para que o Brasil também assine este documento", disse Rios.

O presidente da ALEP, deputado Ademar Traiano, afirmou que repudia as agressões contra jornalistas. "Teremos presteza permanente e qualquer manifestação contrária ao trabalho da imprensa precisa ser combatida. Nós, no Poder Legislativo, temos que garantir o amparo legal à categoria, que zela pela boa informação", disse.

Agenda programada

Na oportunidade, antes do expediente em plenário, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná estreitou diálogos com a presidência e comunicação da ALEP. Por ocasião do mês da e do jornalista, os diretores do SindijorPR Aline Rios, Célio Martins, Dary Esteves, Thea Tavares e Silvia Valim reiteraram o pedido para que a Assembleia Legislativa do Paraná esteja atenta a todas as iniciativas que tentam desqualificar a profissão e o profissional de imprensa. “A violência contra jornalistas se manifesta de muitas formas e uma delas é por meio da desvalorização salarial, do descumprimento da carga horária máxima de trabalho, do assédio dentro das instituições e manifesto em suas diferentes apresentações, entre outros, que também constituem precarização da profissão e desrespeito a jornalistas”, registrou a diretora executiva, Silvia Valim, em reunião na presidência.

A diretora Thea Tavares, que além de diretora do SindijorPR é assessora de imprensa na Casa, citou a constante insegurança dos profissionais, especialmente em se tratando de ano eleitoral, e acrescentou que o objetivo é unir força no combate à violência aos jornalistas. “Não estamos somente buscando a ALEP para reiterar todos esses direitos, mas também o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e outros órgãos que poderão nos ajudar a somar esforços para proteger o direito à liberdade de imprensa”, finalizou.

Foto:Dálie Felberg/Alep