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16/09/2022

Livro "Mulheres Negras Importam" expõe o dia a dia cruel do racismo feminino no Brasil

Obra traz histórias reais de 12 mulheres negras extraordinárias que revelam como é viver sendo diariamente desqualificadas, desrespeitadas e invisibilizadas porque são negras. Inspiradoras, essas mulheres também contam sobre suas conquistas, vitórias igualmente extraordinárias



Por que a morte do americano George Floyd, em maio de 2020, mobilizou o planeta, viralizou para sempre a #blacklivesmatter e no Brasil milhares de mortes negras não provocam a mesma repercussão, são invisíveis, normalizadas? Por que os movimentos negros não estão nas ruas protestando, como nos Estados Unidos? De que forma o racismo atinge as mulheres negras? Por que os negros não votam em candidatos negros? O que a população branca realmente sabe a respeito do racismo? O que eu sei sobre o racismo?


Perguntas como essas foram o ponto de partida para o livro Mulheres Negras Importam, escrito pela jornalista Darlene Dalto, que entrevistou 12 mulheres negras de diferentes idades, cidades, estados, profissões e classes sociais ao longo dos últimos dois anos, durante a pandemia.


Este não é seu primeiro livro. Ela escreveu Processo de Criação, que ganhou dois prêmios Jabuti e traz 29 entrevistas com personalidades como Tom Jobim, Hector Babenco, Bia Lessa, Maria Adelaide Amaral, Arnaldo Jabor, Paulo Autran, Caio Fenando Abreu, Bibi Ferreira, Antonio Fagundes e Roberto Duailibi entre outros. A capa foi assinada por Ivald Granato. Fotos, por Bob Wolfenson.


“A morte de George Floyd me fez perceber que eu não sabia quase nada sobre o racismo. No dia seguinte comecei a ler, a pesquisar e a formatar o livro. Entrevistei mulheres extraordinárias. Quis saber como vivem, o que passam, o que pensam, suas dores, que estratégias usam para se proteger, como resistem, quais suas opiniões sobre tantas questões ligadas ao racismo. Quis saber porque Lélia Gonzalez disse que mulheres não nascem negras, se tornam negras. E descobri. Elas se descobrem negras quase sempre na infância e de forma violenta normalmente na escola. Depois são invisibilizadas ou diminuídas e precisam lutar para ser reconhecidas como indivíduos. Mas o livro também traz uma infinidade de conquistas gigantescas. Elas são verdadeiras heroínas contemporâneas. Escrevendo aprendi uma vida. E, detalhe: no livro, o lugar de fala é delas”, diz a autora.


Mulheres entrevistadas

Cibelle Dias Magalhães –Cardiologista, doutora em ciências

Daniele da Mata – Maquiadora, empresária, fundadora da DaMata Makeup e influenciadora digital

Dinamar Makiyama – Empresária, formada em matemática e em psicologia, fundadora da CKM Talents e do IGDRH (Instituto de Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos)

Dulcineia Novaes – Jornalista

Geyisa Costa – Atriz, produtora artística e massoterapeuta holística

Lica Oliveira – Ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, atriz, jornalista e empresária

Luciana Aparecida Elias – Doutora em matemática aplicada, pró-reitora da Universidade Federal de Jataí (GO)

Néllys Corrêa – Empreendedora digital, fundadora da @digitaispretas

Pamela Vicente de Campos – Estudante de física

Sonia Guimarães – Cientista, inventora, estudou na Itália e na Inglaterra, primeira mulher negra brasileira doutora em física, primeira mulher negra professora do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica)

Tamires Nolasco – Psicóloga afrocentrada

Yaná da Silva Rocha – Advogada e professora de matemática



O livro naturalmente leva a comparações inevitáveis

“Acho impossível ler MNI e não comparar o Brasil branco e o Brasil negro, a vida que levam mulheres brancas e pretas. São realidades vergonhosamente desiguais. A pele negra chega antes, desqualifica e as torna suspeitas. O país esquece que desde sua ‘descoberta’ foi construído a partir do trabalho dos negros e mesmo depois da abolição, até hoje. Penso que passou da hora de a sociedade como um todo respeitar e ter empatia por pretos e pardos, que são 55% da população brasileira, e passou da hora de os políticos pensarem objetiva e efetivamente em políticas públicas para a população negra, já que aparentemente ela jamais receberá a reparação histórica que merece”, completa.


Retratos e letramento racial

MNI traz belos retratos de cada uma das mulheres entrevistadas assinados pela fotógrafa Larissa Isis, propositalmente uma profissional negra. Ela é autora do Projeto CANSEI, uma série de fotos com mulheres que revelam a dolorosa experiência de ser negra no Brasil.

No final, um capítulo chamado Letramento Racial lista uma série de indicações e referências de artistas, ativistas, autores, filmes, séries e documentários, instagrams, livros, peças de teatro, podcasts e programas de TV. É evidentemente uma lista falha, apesar de extensa, mas é um bom começo, uma porta de entrada para quem quiser conhecer ou se aprofundar no assunto. E, com sorte, se reconhecer como pessoa negra ou tornar antirracista.


EFF – English For Free

Por causa do livro a autora criou um projeto chamado EFF – English For Free – Escola Gratuita de Inglês para uma Vida Melhor.

“Escrever MNI me levou a pensar que eu poderia fazer algo além do livro para população negra, em especial para os jovens. Sempre soube do tamanho das desigualdades entre brancos e negros, agora sabia das razões. Como o inglês é fundamental para o mercado de trabalho e o jovem negro não tem acesso a bons cursos, criei o projeto. Já dei aula para mais de 300 alunos de todas as regiões, alguns moram no exterior. Eles não pagam para aprender. Estou sempre abrindo novas classes”, explica.

Quem quiser mais informações sobre o curso pode escrever para ddalto@me.com



Serviço:
Livro Mulheres Negras Importam
Autora Darlene Dalto
Retratos assinador por Larissa Isis
O livro está à venda na Amazon. Preço: 24,99

Mais informações:
E-mail darlene_dalto@uol.com.br ou wapp (11) 98101 1177
@mulheres_negras_importam no instagram

Gralha Confere TRE