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07/05/2022

Mães jornalistas enfrentam mais obstáculos na carreira

Mães jornalistas enfrentam mais obstáculos na carreira

Apesar da justa homenagem neste 8 de maio, não é possível ignorar as dificuldades impostas às mulheres com filhos nas redações


Os SindijorPR e Sindijor Norte PR prestam homenagem às mulheres jornalistas que possuem filhos neste Dia das Mães e reconhecem a importância inegável do trabalho delas, mas sem deixar de refletir sobre as dificuldades enfrentadas por estas profissionais para seguir na carreira. As mulheres são maioria na profissão atualmente, conforme os dados recém-divulgados pela pesquisa Perfil do Jornalista Brasileiro, chegando a 57,8% da força de trabalho. Mas, quando elas são mães, o cenário muda, já que nem todas conseguem permanecer nas redações, progredir para postos de chefia ou receber os salários pagos aos homens para a mesma função.


Um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2016 indica que quase metade das mulheres com filhos são demitidas em até dois anos após o fim da licença-maternidade, algo que afeta igualmente as jornalistas. Pesquisa realizada pela Comissão de Mulheres Jornalistas da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), em 2020, revelou que 43% das profissionais que são mães não atuam em redações, mas em assessorias de imprensa. "Muitos desses ambientes, embora apresentem problemas, quando comparados às redações, acabam se tornando um espaço de atuação mais acolhedor para as mulheres mães", conta Cecília França, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindijor Norte PR.


O preconceito com as mães jornalistas é escancarado por outro estudo, desta vez do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Divulgado em março de 2021, ele aponta que o mercado de trabalho é mais implacável com as mulheres. Enquanto 54,6% das mães de 25 a 49 anos que têm crianças de até três anos em casa estão empregadas, homens com filhos pequenos têm percentual de 89,2% de empregabilidade, na mesma categoria. "Isso quando estas não são demitidas ou se demitem por não aguentar a pressão, visto que elas também são as vítimas preferenciais de assédio sexual e moral. Muitas acabam se submetendo, por necessidade, a mais formas de trabalho precarizado do que outros e outras colegas", diz Aline de Oliveira Rios, diretora de Defesa Corporativa do SindijorPR e representante do Paraná na Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ.


É um cenário difícil, marcado por muita discriminação e preconceito, que se aprofundou durante a pandemia da Covid-19. Números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados em 2021 revelaram que, durante o período, mais de oito milhões de mulheres saíram do mercado de trabalho no Brasil – um retrocesso sem precedentes na história recente. Destas, 26% acumulavam cuidados com filhos e outros familiares.


Diante destes e outros percalços enfrentados pelas mães jornalistas, a cada ano, o SindijorPR e o Sindijor Norte PR vêm tentando sensibilizar os empresários da Comunicação no Paraná para que adotem medidas que contemplem os anseios destas profissionais.


Na pauta de reivindicações apresentada pelos jornalistas aos patrões neste ano, por exemplo, foi requisitada a substituição da cláusula de auxílio-amamentação, sistematicamente ignorada e desrespeitada pelas empresas, pelo estabelecimento de um auxílio-creche para jornalistas com filhos de até cinco anos. Uma medida que favorece trabalhadores com filhos, mães ou pais, mas que também assegura condições de que o trabalho em favor das empresas seja realizado em melhores condições.


Desta forma, o SindijorPR e o Sindijor Norte PR aproveitam a ocasião para enfatizar que não há homenagem, mensagem ou regalo que possa superar o compromisso verdadeiro e efetivo em garantir às mães jornalistas o básico: trabalho decente e sem violência.

Autor:SindijorPR e Sindijor Norte
Gralha Confere TRE