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24/09/2015

3º Seminário de Imprensa Sindical: As histórias que reforçam a comunicação que o povo quer

3º Seminário de Imprensa Sindical: As histórias que reforçam a comunicação que o povo quer
Cacique guarani Kerexu Yxapyry, da Terra Indígena Morro dos Cavalos - Joka Madruga

SindijorPR participa do 3° Seminário Unificado de Imprensa Sindical. O encontro é organizado pelo Fórum de Comunicação da Classe Trabalhadora e acontece em Florianópolis-SC, de 23 a 35 de setembro.


Compreender a necessidade da contra-informação frente à mídia hegemônica, da comunicação popular desde a vivência de quem sofre a violência da exclusão diariamente. Os depoimentos carregados de emoção da cacique guarani Kerexu Yxapyry, da Terra Indígena Morro dos Cavalos, e de Débora Maria da Silva, fundadora e coordenadora do movimento Mães de Maio, trouxeram novos questionamentos e sentires no 3º Seminário de Imprensa Sindical.


Na tarde de quinta-feira (24), a mesa com o tema “Os movimentos sociais e a disputa comunicacional no Brasil”, também contou com a experiência da jornalista Bia Barbosa, do Coletivo Intervozes, que respaldou os depoimentos com elementos sobre a frente popular de democratização da comunicação.


Um povo por sua terra


O silêncio da mídia esconde a violência cometida contra as comunidades indígenas. Para chegar até os fatos de horror cometidos contra seu povo, a cacique Kerexu Yxapyry, primeiramente, apresentou os guaranis como um povo indígena distribuido no litoral da América Latina, que não possuem limites de fronteiras e são vítimas de genocídio desde 1500.  "Consagramos a Terra sem identificar diferença entre plantas, animais e humanos", explica sobre a relação com o espaço em que estão.


“Nós lutamos pela regularização da terra desde 1993. A gente luta, não abre mão, não negocia. Aquele espaço é de todo o povo guarani, de rituais de consagração, do alinhamento do Sol com a Terra, diante do mar, que é portal da travessia para a Terra Sem Males”.


Kerexu explicou que o trabalho parcial do que ela chama de mídia marrom, acaba sendo um dos principais inimigos dos povos indígenas. A cacique exemplifica com a matéria “Terra contestada” produzida pelo Diário Catarinense e pela RBS, que em momento algum procurou os povos do Morro dos Cavalos para ouvir sua versão.


“O Morro dos Cavalos está demarcado desde 2008 e agora o governador de Santa Catarina pediu a anulação da demarcação porque não tem foto de indígenas no morro no dia 5 de outubro de 1988, dia que a Constituição foi aprovada”.


Kerexu explica que, para resistir e criar acesso à contra-informação, os próprios guaranis estão produzindo vídeos nas aldeias para serem compartilhados na internet. Também ressaltou o caso dos povos indígenas Guarani-Kaiowá, vítimas da disputa por terras no município de Antônio João, no Mato Grosso do Sul (MS). “Precisamos de ajuda para repassar essas informações”.


Mães organizadas para resistir



Débora Maria da Silva, fundadora e coordenadora do movimento Mães de Maio, é mãe de uma das 600 vítimas da chacina que ocorreu entre os días 12 e 19 de maio de 2006, onde jovens foram executados em São Paulo. O episódio ficou conhecido, a partir de ampla divulgação da mídia, como “ataques do PCC”, títulação que ela logo desmente: “O PCC não matou nossos filhos. Eles foram vítimas de uma retaliação de um agente que teve um familiar sequestrado”, enfatizou.


Da dor profunda, ela, junto às outras mães, compreenderam a necessidade de se organizar e resistir. Formando o movimiento Mães de Maio, obrigaram a grande mídia a mudar o termo e identificá-las como as vítimas dos crimes de maio.  “Meu filho era trabalhador, era gari, e foi executado”.


Aos poucos, o movimento foi ganhando o espaço que merecia. O reconhecimento como lutadoras do espaço midiático foi consagrado pelo jornalista Vito Gianotti que definiu Débora como "a bandida que roubou a mídia e democratizou o acesso à comunicação".


Em sua fala, Débora fez questão de destacar o também silêncio da imprensa sindical sobre o caso e provocou as representatividades presentes no Seminário sobre o papel que possuem de apoiar as causas e pautas do povo, para além da base que representam.


Uma comunicação por direitos humanos


Bia Barbosa, compartilhou sua trajetória e a necessidade dos comunicadores se entenderem como responsáveis na luta pelos direitos humanos. Nesse sentido, salientou a nacessidade de união e organização dos movimentos sociais e sindicais contra ações do poder legislativo que colocam a democracia em risco, exemplificando com a lei antiterrorismo que tramita na Câmara Federal.


A jornalista acredita que, dado o monopólio da comunicação brasileira que ainda não foi enfrentado como necessário pelos comunicadores, a internet, ainda que com seus limites de acesso, é o espaço onde a sociedade tem mais posibilidades de se manifestar, enaltecendo a necessidade de compreender e ocupar esse espaço. Outra organização necessária e urgente que aponta, é a luta por política pública de universalização da comunicação. Bia finalizou convocanto todos a estudarem, assinarem e divulgarem a Lei da Mídia Democrática.

Autor:Laís Melo Fonte:www.terrasemmales.com.br
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