3º Seminário de Imprensa Sindical: Comunicação Sindical para mudar a forma de pensar
SindijorPR participa do 3° Seminário Unificado de Imprensa Sindical. O
encontro é organizado pelo Fórum de Comunicação da Classe Trabalhadora e
acontece em Florianópolis-SC, de 23 a 35 de setembro.
Na noite da última quarta-feira, 23 de setembro, teve início
o 3º Seminário Unificado de Imprensa Sindical, realizado na Escola Sul, em
Florianópolis. O painel de abertura teve a participação das jornalistas Cláudia
Santiago, do Núcleo Piratininga de Comunicação, e Cláudia Costa, da CSP
Conlutas.
No debate sobre o papel da imprensa sindical na mobilização
da classe trabalhadora, Cláudia Costa falou sobre a forma negativa de uso das
redes sociais (e sobre o perfil pessoal característico da rede social). Sugeriu
que na comunicação sindical sejam produzidas reportagens de qualidade, não só
falar sobre a categoria. “Trabalhadores não aguentam o mesmo discurso sempre,
mas não temos condições de trabalho para produzir jornalismo de qualidade”,
disse a assessora da central sindical CSP Conlutas.
A falta de condições de trabalho foi o foco do 1º Encontro Nacional
de Jornalistas Sindicais, realizado de forma independente antes do seminário,
na tarde de quarta-feira. Jornalistas de todo o país que atuam em sindicatos de
diversas categorias de trabalhadores listaram dificuldades em comum: excesso de
trabalho, equipe reduzida, acúmulo de funções, falta de tempo para planejar e
pensar ações.
Comunicação:
concepção e prática sindical
Cláudia Santiago, coordenadora do Núcleo Piratininga de
Comunicação, entidade referência de comunicação sindical e popular em todo o
país, iniciou questionando o porquê do uso da expressão “imprensa sindical”.
Para ela, é “comunicação sindical”. “Que identidade vocês querem? Comunicação é
a concepção e a prática sindical. A comunicação sindical pode servir para
romper com a ordem ou para o retrocesso”, declarou a jornalista.
Para Cláudia, a comunicação da classe trabalhadora quer uma
outra sociedade. “E como construir uma outra sociedade? Mudando a forma de
pensar”. Cláudia diz que devemos avaliar se os meios de comunicação realmente
determinam a forma de pensar. “A comunicação sindical é como criar um filho. A
gente fala, dá o exemplo. Mas eles são bombardeados durante 24 horas pelos
meios de comunicação, que fazem parte da outra classe. Tudo isso penetra na
cabeça das pessoas”, explica.
Existe comunicação
sindical?
Para Cláudia Santiago, a comunicação sindical existe com
dois fatores: periodicidade definida; e pauta produzida pela direção do
sindicato; jornalistas; e delegados de base, que são a ponte entre a categoria
e o sindicato. A pauta vai definir se é classe ou corporação. “Não é
prerrogativa do jornalista definir a comunicação sozinho. O jornalista é para
pensar. É possível ser jornalista de esquerda, mas tem que ter condições. Tem que
ir para a rua”, orienta.
Outro aspecto abordado foi a necessidade dos sindicatos
investirem também nos movimentos populares, que não têm condições financeiras
de produzir materiais de comunicação. “Podemos ter imprensa de qualidade. Eu
sei que a maioria busca notícias no UOL, na Globo, mas não disputar o espaço na
rede é loucura”, finalizou.
Cláudia Santiago aceitou vir para o Seminário substituindo
seu marido Vito Giannotti, que faleceu recentemente e será homenageado no 21º
Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação, que acontece no Rio de
Janeiro entre os dias 18 e 22 de novembro de 2015.
A programação do Seminário de Imprensa Sindical continua
nesta quinta-feira, 24 de setembro, com o painel “A informação como mentira: a
realidade do jornalismo em um mundo de redes sociais”, com os jornalistas Breno
Altman e Gustavo Gindre.Na parte da tarde serão realizadas as mesas “Os movimentos
sociais e a disputa comunicacional no Brasil” e “ Condições de trabalho as
multifunções na imprensa sindical”.
Autor:Paula Padilha - Terra Sem MalesFonte:http://www.terrasemmales.com.br/