ARTIGOS
O Sindicato de Jornalistas do Paraná aposta com força no tema da mídia pública. De modo simples, podemos dizer que lutamos para que as rádios e TVs educativas não sejam uma ferramenta dos governos de plantão, como ocorre aqui, em São Paulo e noutros estados.
Por isso, no dia 29 de outubro, organizamos um
debate sobre o assunto ao lado da Frente Paranaense pelo Direito à Comunicação
e Liberdade de Expressão (Frentex/FNDC), entidades do campo da cultura e
produção audiovisual. O espaço terá a contribuição de Jonas Valente, jornalista
da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de Brasília.
Essas emissoras devem ter alguns componentes, entre
os quais o respeito e condições de trabalho para os profissionais, um melhor
orçamento e, sobretudo, devem ter participação social efetiva nos rumos do veículo,
por meio de um conselho. Mas um conselho de conteúdo e não uma encenação, como
o governador Beto Richa já buscou fazer em 2013.
Com os veículos de comunicação empresariais cada vez
mais enxutos, sacrificando a informação e a reportagem, é preciso reequilibrar
um sistema que hoje favorece apenas a mídia privada e não fornece o mesmo
espaço para o espectro público, comunitário e estatal.
Na prática, este é um dos componentes essenciais da
chamada democratização da mídia.
No Paraná, por meio de denúncias, audiências
públicas e debates com movimentos sociais, o Sindijor vem apontando, desde
gestões anteriores, que a E-Paraná não apresenta espaço para programação de
conteúdo que seja reflexo da população do estado – e não apenas o espelho de
Richa.
Queremos a rádio e TV pública “pintadas de povo”,
com mais espaço para o tema dos direitos humanos, meio-ambiente, das opressões,
da História, da cultura e do mundo do trabalho.
A E-Paraná tem veiculado diversas inserções de nomes
importantes da cultura paranaense, que reafirmam a programação atual da
emissora.
Queremos saber se é isso mesmo. Se a TV de fato é um
convite ao plural, aos sotaques, aos trabalhos dos artistas locais. E se isso
está aliado com o respeito à produção jornalística de qualidade. Nossa primeira
impressão é que não, mas estamos abertos ao debate.
Infelizmente, não vemos a mesma abertura na direção
da E-Paraná, na figura do atual presidente Sergio Kobayashi, que recusa declaradamente
o diálogo com o sindicato. Mas seguiremos neste aprendizado sobre o que a mídia
pública deveria ser e não é.
Arrisco dizer que, em uma imagem para explicar o que queremos: num movimento como foi a greve de professores no primeiro semestre de 2015, certamente queremos escutar mais o povo que está nas ruas do que a fala ensaiada do governador.