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ARTIGOS

Autor: Pedro Carrano
28/10/2015

A E-Paraná deve ser o espelho da população (e não de Beto Richa).

O Sindicato de Jornalistas do Paraná aposta com força no tema da mídia pública. De modo simples, podemos dizer que lutamos para que as rádios e TVs educativas não sejam uma ferramenta dos governos de plantão, como ocorre aqui, em São Paulo e noutros estados.


Por isso, no dia 29 de outubro, organizamos um debate sobre o assunto ao lado da Frente Paranaense pelo Direito à Comunicação e Liberdade de Expressão (Frentex/FNDC), entidades do campo da cultura e produção audiovisual. O espaço terá a contribuição de Jonas Valente, jornalista da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) de Brasília.


Essas emissoras devem ter alguns componentes, entre os quais o respeito e condições de trabalho para os profissionais, um melhor orçamento e, sobretudo, devem ter participação social efetiva nos rumos do veículo, por meio de um conselho. Mas um conselho de conteúdo e não uma encenação, como o governador Beto Richa já buscou fazer em 2013.


Com os veículos de comunicação empresariais cada vez mais enxutos, sacrificando a informação e a reportagem, é preciso reequilibrar um sistema que hoje favorece apenas a mídia privada e não fornece o mesmo espaço para o espectro público, comunitário e estatal.


Na prática, este é um dos componentes essenciais da chamada democratização da mídia.


No Paraná, por meio de denúncias, audiências públicas e debates com movimentos sociais, o Sindijor vem apontando, desde gestões anteriores, que a E-Paraná não apresenta espaço para programação de conteúdo que seja reflexo da população do estado – e não apenas o espelho de Richa.


Queremos a rádio e TV pública “pintadas de povo”, com mais espaço para o tema dos direitos humanos, meio-ambiente, das opressões, da História, da cultura e do mundo do trabalho.


A E-Paraná tem veiculado diversas inserções de nomes importantes da cultura paranaense, que reafirmam a programação atual da emissora.


Queremos saber se é isso mesmo. Se a TV de fato é um convite ao plural, aos sotaques, aos trabalhos dos artistas locais. E se isso está aliado com o respeito à produção jornalística de qualidade. Nossa primeira impressão é que não, mas estamos abertos ao debate.


Infelizmente, não vemos a mesma abertura na direção da E-Paraná, na figura do atual presidente Sergio Kobayashi, que recusa declaradamente o diálogo com o sindicato. Mas seguiremos neste aprendizado sobre o que a mídia pública deveria ser e não é.

Arrisco dizer que, em uma imagem para explicar o que queremos: num movimento como foi a greve de professores no primeiro semestre de 2015, certamente queremos escutar mais o povo que está nas ruas do que a fala ensaiada do governador.

Articulista: Pedro Carrano
Jornalista no Sindicato dos Servidores Públicos Municipais Curitiba (Sismuc) e diretor-executivo do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná.
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