A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vem a público manifestar seu veemente repúdio à resposta do Centro de Comunicação Social do Exército a respeito da série de reportagens “Arquivos da Repressão”, publicada no Correio Braziliense, no último domingo, 17 de outubro. A matéria destaca fotos inéditas, mostrando como o jornalista Vladimir Herzog foi humilhado, pouco antes de ser assassinado nos porões da ditadura, em 25 de outubro de 1975, há 29 anos. É no mínimo leviana a posição do Exército ao afirmar que não há documentos históricos, comprovando as torturas, mortes e desaparecimentos. Como também pode ser considerada uma provocação declarar que “as medidas tomadas pelas Forças Legais foram uma legítima resposta à violência dos que recusaram o diálogo...”. Além de protestar contra esse tipo de manifestação que legitima a tortura e o assassinato de cidadãos por órgãos do aparato de Estado e admite a censura e o cerceamento às liberdades democráticas, a Fenaj exige que o Governo, numa demonstração de maturidade institucional e respeito aos direitos humanos, promova uma ampla investigação sobre as condições de morte ou desaparecimento, dos seguintes jornalistas brasileiros:
- Joaquim Câmara Ferreira - Morto em 1970
- Edmur Péricles Camargo - Desaparecido em 1974
- Hiran de Lima Pereira - Desaparecido em 1975
- Jayme Amorim Miranda - Desaparecido em 1975
- Luís Inácio Maranhão Filho - Desaparecido em 1974
- Luiz Guilhardini - Morto em 1973
- Mário Alves de Souza Vieira - Desaparecido em 1970
- Ruy Osvaldo Aguiar Pftzenreuter - Morto em 1972
- Norberto Armando Hageber - Desaparecido em 1978
- Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior - Desaparecido em 1978
- Luiz Eduardo da Rocha Merlino - Morto em 1971
- Wladimir Herzog - Morto em 1975
- Pedro Ventura Felipe de Araújo Pomar - Morto em 1976
- David Capistrano da Costa - Desaparecido em 1974
- José Toledo de Oliveira - Desaparecido em 1972
- Thomaz Antonio da Silva Meirelles Neto - Desaparecido em 1974
Brasília, 19 de outubro de 2004.
Diretoria da Fenaj