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26/02/2019

Reestruturação deixa TV Educativa sem programação local por até cinco meses

Um dos serviços mais atingidos pelo corte de gastos e redução dos cargos comissionados do governo Ratinho Junior (PSD) foi a Rádio e Televisão Educativa do Paraná. Funcionando basicamente com cargos de confiança e profissionais contratos por cachê durante os oito anos de governo Beto Richa (PSDB) e Cida Borghetti (PP), a televisão estatal do estado teve sua equipe reduzida à metade e toda a sua programação regional retirada do ar.


Funcionários, ex-funcionários e aprovados no processo seletivo realizado em 2017 relataram ao Pluralestar em compasso de espera, aguardando as novas diretrizes para a TV para saberem se e como irão trabalhar. O paranaense que sintoniza sua televisão no canal 9, assiste, desde o início do ano (e do governo de Ratinho Jr.) apenas à retransmissão da TV Cultura, de São Paulo. Segundo o secretário de Estado de Comunicação e Cultura, Hudson José, que também acumula o cargo de presidente da E-Paraná, a TV passa por uma reestruturação profunda, que pode levar, ainda mais dois ou três meses até que a programação regional seja acrescentada à grade da emissora.


“De todas as mídias, a TV é a que tem maior custo, maior complexidade, necessita de equipe, estrutura, equipamento, é muito mais difícil de colocar no ar”, afirmou. “O foco da TV vai mudar, então não fazia sentido deixar no ar uma programação cara e que não atende aos objetivos da nossa proposta para a TV que, por orientação do governador, terá a missão de divulgar o Paraná com foco no turismo”, disse o secretário, em entrevista ao Plural.


“Se vamos mudar e reestruturar, é mais saudável zerar essa grade, com a possibilidade da retransmissão da TV Cultura e poder, à medida que nossos programas vão ficando prontos, incluir a nossa programação nessa grade. Fica mais fácil até para a população perceber a mudança”, disse.


Demissão em massa



Hudson José confirmou a dispensa de cerca de metade da equipe contratada por cachê, assim como dos 35 profissionais aprovados no processo seletivo que haviam sido convocados no dia 7 de dezembro, para iniciarem os trabalhos em 14 de janeiro.


“A TV chegou a ter, em setembro, véspera do período eleitoral, 175 contratos por cachê. Conseguimos reduzir esse número para 90. Eliminamos as posições que perderam função por conta da nova grade ou as que percebemos duplicidade. E essa questão já é alvo de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público, que implicou na realização do processo seletivo. Que foi feito, mas a gestão anterior seguiu contratando por cachê”, disse.


“Vamos contratar com base na lista de aprovados no processo seletivo, mas gradativamente, conforme nossa necessidade, e respeitando as habilidades de cada um. Não vamos chamar um profissional que não precisamos só porque ele está acima na lista de classificados da seleção”, disse. Com o corte de pessoal, o novo responsável pela TV Educativa pretende reduzir a folha de pagamento de R$ 900 mil mensais para, no máximo, R$ 400 mil.


As demissões na TV e, principalmente, o cancelamento da convocação dos aprovados no processo seletivo chamou a atenção do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná, que se reuniu com o secretário de Comunicação no dia 22 de janeiro, ouviu suas explicações, mas discordou da estratégia de contratação defendida.


“O sindicato defende a convocação de todos os aprovados para as vagas abertas. Na época foi feito o levantamento para definir o número necessário para a TV. Assim, entendemos que todas as vagas devem ser preenchidas pelos aprovados e não ‘esperar pelo que o governo precisa’. O governo precisa respeitar o teste seletivo que realizou e as vidas desses profissionais que aguardam ser convocados. Muitos desses jornalistas pediram demissão, mudaram de cidade em decorrência a convocação em dezembro passado e é preciso dar uma resposta concreta a esses trabalhadores”, disse o presidente do sindicato, Gustavo Vidal.


Nova programação


Hudson José adiantou que dois programas da nova grade da TV Educativa estão em fase de gravação dos pilotos. “Seguindo esse novo foco da TV, são programas que vão mostrar o cenário do turismo no Paraná, conversando com o trading do turismo e mostrando a beleza do estado para despertar o interesse os espectadores da TV”.


As informações sobre os atos do governo também seguirão com espaço na nova grade, mas agora em boletins periódicos dentro da programação. “A grade de programação promoverá um jornalismo dinâmico, como boletins de notícias a cada meia hora, intercalando com os nossos programas. A cobertura dos atos do governo entrará nesses boletins, saindo do modelo clássico de um jornal grande em um horário fixo. Com os boletins o tempo todo, poderemos dar as informações quase em tempo real, ter mais dinamismo, fazer entradas ao vivo”, explicou o secretário.


A nova programação, no entanto, só deverá preencher a grade do canal por completo a partir do mês de maio. “Não gostaria de estabelecer prazo ou cronograma fixo, mas seguramente num período de três meses, devemos estar incorporando de forma gradativa a nossa grade. Estamos hoje com os dois pilotos sendo preparados. Estamos estudando o modelo dos boletins de jornalismo, que deve ser definido em um prazo menor. E vamos começar a absorver conteúdos de produtoras locais”, disse.


Problemas técnicos


Hudson José diz não ter pressa em colocar no ar a nova programação porque, além da questão do conteúdo e do enxugamento de pessoal, a gestão da TV Educativa também enfrenta graves problemas estruturais. “A gente está fazendo uma revisão também de custo de satélite. O sinal da TV Educativa hoje não é retransmitido em Londrina Maringá, Campo Mourão e Umuarama. É um absurdo manter uma TV cujo sinal não chega para todo o estado. Quase 40% do estado não têm acesso ao canal. Manter uma estrutura complexa, um número exagerado de pessoas, um custo de produção altíssimo para falar com pouco mais da metade do estado não faz sentido”, argumentou. “Então, temos que equacionar isso também. Reestruturar tecnicamente a TV, colocar antenas nessa cidade, porque elas perderam o nosso sinal na mudança do analógico para digital.”


O tempo de reestruturação da programação da TV será, então, também utilizado para solucionar os problemas técnicos. “Não estamos apenas mudando a programação da TV. Estamos reformulando todo esse processo. Então, quando concluirmos esse processo, o paranaense poderá ter acesso à TV Educativa diferente. Todo esse processo tem como fundamento o respeito ao bom uso do dinheiro público. Não poderíamos manter uma tevê com custo elevado tendo um alcance geográfico e uma audiência mínima. Isso não foi observado por quem passou por aqui antes.”

Autor:Roger Pereira Fonte:Plural
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