esqueci minha senha / primeiro acesso

notícias

16/03/2018

Audiência termina sem acordo e greve n'O Diário continua

O Diário desperdiçou mais uma chance de pôr um ponto final na greve dos jornalistas que já dura quase 40 dias. Em audiência de conciliação realizada na tarde de ontem (15), no Fórum da Justiça do Trabalho de Maringá, a empresa não atendeu aos pedidos feitos pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) em ação movida contra o jornal.

Entre esses pedidos, estão o de que a empresa não desconte os dias parados em caso de retorno ao trabalho, que reconheça a legitimidade da greve provocada pela falta de salários e que não crie embaraços ao movimento paredista – como fez ao ameaçar processar os responsáveis pelos protestos.

O advogado da empresa, César Eduardo Misael de Andrade, disse que enviou notificação extrajudicial ao Sindijor Norte PR em razão de “cobranças vexatórias” feitas pelos manifestantes que exigem seus direitos. O advogado do sindicato, Davidson Santiago Tavares, rebateu: “Vexatório é não pagar salários, deixar funcionários passando fome. Disso é que se tem que ter vergonha.”

A juíza Liane Maria David Mroczek e o procurador Fábio Alcure intermediaram uma tentativa de conciliação que beneficiasse as duas partes. A empresa chegou a se dispor a não descontar os dias parados, mas para isso exigiu que os jornalistas voltassem ao trabalho na próxima segunda-feira (19). Comprometeu-se a pagar os 11 dias que viessem a ser trabalhados em março, mas não garantiu os salários futuros. Além disso, não estabeleceu nenhum prazo para quitar os quatro meses de salários atrasados, mais décimos terceiros, que totalizam uma dívida de aproximadamente R$ 200 mil com os jornalistas.

O Sindicato consultou os grevistas que estiveram na audiência e expôs a proposta deles: voltar ao trabalho assim que pelo menos os valores devidos até 31 de dezembro de 2017 fossem depositados na conta. A empresa recusou a oferta, alegando falta de recursos, e disse que “precisa produzir para ter dinheiro em caixa”. O que deixou algumas dúvidas: por que então antes da greve, com a equipe toda produzindo, faltou dinheiro para pagar salários? Como acreditar que haverá dinheiro agora, se a própria empresa admite que enfrenta uma “crise de credibilidade”?

Também causou desconfiança o fato de a empresa exigir a volta dos grevistas ao trabalho exatamente um dia antes da assembleia de credores de O Diário, marcada para 20 de março. O jornal está em processo de recuperação judicial e corre o risco de ter a falência decretada.

Para o advogado do Sindijor Norte PR, a audiência, de um modo geral, foi positiva. “Muito embora não tenha saído acordo para o pagamento dos salários atrasados e consequente fim da greve, foi possível demonstrar a legalidade do movimento grevista e o absurdo que é exigir que o empregado trabalhe sem receber salários, reduzindo-o à condição análoga a de escravo”.

O processo agora volta para o Tribunal Regional do Trabalho, em Curitiba (TRT – 9ª Região), para julgamento final do dissídio coletivo.
Autor:Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná
Gralha Confere TRE