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25/10/2013

Sindijor considera absurda a postura das empresas de comunicação

Sindijor considera absurda a postura das empresas de comunicação
Reunião nesta manhã (25/10) na Casa do Jornalista entre Sindijor e patronais

A prática da intransigência que vem marcando as reuniões entre trabalhadores de comunicação e os patronais em diversos estados, foi vista também no Paraná. Pelo Brasil a fora empresas faturam mais, porém o repasse aos trabalhadores deixa muito a desejar
Os diretores do Sindijor, do departamento jurídico da entidade e representante do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos (Dieese), se reuniram com membros das empresas de comunicação do estado, nesta manhã (25), na Casa do Jornalista, e se depararam com uma postura conservadora e fechada ao diálogo por parte dos patrões. Duas pautas estavam definidas desde 2012 (data da última mesa de negociação): discutir o aumento real e uma cláusula aditiva para a questão da regulamentação do estágio. Mas o recado das empresas aos jornalistas foi: “queremos discutir, mas não estamos preparados”.
“Imaginávamos que após esta mesa de negociação teríamos uma posição das empresas sobre nossas reivindicações; essas que estão em ata e foram acordadas. Saio insatisfeito desta reunião”, disse o presidente do Sindijor, Guilherme Carvalho, nesta manhã. De definitivo, o Sindijor acordou um termo aditivo, na Convenção Coletiva, que será registrado no Ministério do Trabalho, sobre o valor do reajuste da inflação (5,69%), também foi entregue um documento sobre as Regras para Estágio em Jornalismo às empresas e ficou agendado para fevereiro de 2014 o início das negociações para uma nova Convenção Coletiva de Trabalho – CCT.
Estágio: O Sindijor considera a posição das empresas absurda. “Faz 15 anos que esta discussão é adiada”, ironizou Sidnei Machado, advogado do Sindicato. Em 2012, a pauta ficou como garantida para outubro de 2013 e está na ata da mesa de negociação do período. Durante este ano a diretoria do Sindicato esteve com as instituições de ensino em diversas regiões do Paraná, conversando com professores e alunos de comunicação sobre o estágio regulamentado. “Após esse diálogo, foi enviado, em agosto deste ano – dois meses antes dessa reunião; ofício sobre o estágio para vocês (empresas)!”, disse Carvalho sobre a postura dos patronais.
O Sindijor vê com preocupação essa recusa por parte dos patrões, pois o estágio vem sendo usado como mão de obra barata. “Nós queremos regulamentar. Isso deveria ser uma posição comum entre sindicato e empresas”, completou o presidente do Sindicato dos Jornalistas. Ainda sobre o tema, o advogado Sidnei Machado acrescentou que “este é um diálogo que busca proteger o estagiário, mas também estruturar as empresas e o mercado. Não discutir isso é uma postura muito conservadora das patronais. Nós estamos promovendo o estágio, queremos regular isso e melhorar as condições”.
Aumento Real: Outra postura que gerou descontentamento foi referente ao aumento real. Fabiano Camargo da Silva, que representou o Dieese na mesa de negociação, explicou que as empresas de comunicação do Paraná estão na contramão dos indicadores e também das negociações pelo Brasil em outras áreas: “O panorama econômico (faturamento das empresas) apresenta melhora em diversos setores, inclusive no segmento da comunicação, mas isso não está sendo revertido ao trabalhador!”.
De acordo com os números do Dieese, em 2012, o faturamento dos meios de comunicação no Brasil teve um acumulado de 5,98%. Este ano, no 1º semestre, o faturamento foi de 3,11%. Numa somatória de 8 anos, o acumulado no faturamento das empresas de comunicação no Brasil foi de 19,38%. “Diversos setores vem conseguindo aumento real, mas na comunicação, mesmo com aumento no faturamento, só é repassado o valor da inflação aos jornalistas”, completou Fabiano Camargo.
O Sindicato pleiteou o aumento real de 8,46% - número corresponde ao valor desonerado pelo governo federal às empresas de comunicação. Este número tem base nos dados do Dieese, sobre a medida do governo que substitui a contribuição do INSS (20% do salário) para uma alíquota de 1% sobre o faturamento bruto da empresa. Com isso, quanto maior o gasto da empresa com o empregado, maior é o benefício.
O Sindijor também mostrou que a média de gasto dos consumidores para o setor de comunicação (22%), conforme pesquise anual de serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a empresa que pagava o equivalente a 2,86% do faturamento bruto de INSS, pagará apenas 1%, representando uma redução de 1,86% e de 65,05% no gasto de INSS. “Essa desoneração dá um maior poder financeiro para as empresas. A medida visa melhorar o mercado, com mais contratações ou aumento de salário. Se a empresa não contrata e não dá aumento real, para onde vai esse dinheiro?”, questionou Maigue Gueths, diretora financeira do Sindijor.
Empresas: na “mesa de negociação” as pautas de reivindicação do Sindijor (aumento real de 8,46% e a cláusula do estágio) foram ignoradas pelos representantes patronais, que explicaram já terem acordado o reajuste de outubro, garantido em negociação no ano passado, e que não negociariam os outros pontos antes de fevereiro de 2014, visando a data-base dos jornalistas que é no próximo 1º de maio. “Hoje, segundo posição patronal, há muita diferença entre as regiões. Queremos discutir, mas não estamos preparados para saber o que devemos aceitar ou não”, disse William Zampini, representante do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCOM). A única "proposta" patronal foi não discutir as pautas agendadas e retomar a mesa de negociação num próximo cronograma, acordado entre as partes para início de fevereiro.
Também estavam presentes na reunião representantes da Band, Folha de Londrina, Sindicato Patronal, RIC TV e SERT - Sindicato das emissoras de Rádio e Televisão do Paraná.

*Por Regis Luís Cardoso (texto e foto). 

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