Mais uma vez, os jornalistas do Paraná assistiram a uma demonstração do desprezo do governador Roberto Requião pela imprensa. Numa atitude de prepotência da qual somente os adversários da democracia são capazes, ele agrediu fisicamente o repórter Fábio Silveira, do Jornal de Londrina, enquanto este desempenhava suas funções profissionais. A recorrência das ações truculentas de Requião contra a imprensa atingiu seu ápice nesta quarta-feira, quando o jornalista Fábio Silveira teve seu gravador desligado e o dedo torcido pelo governador, insatisfeito com uma pergunta formulada pelo repórter – como se o questionamento não fosse dever da imprensa e as perguntas fossem apenas para agradar a fonte. Requião – que já chamou profissionais da Gazeta do Povo de mentirosos em anúncio pago, ridicularizou matéria da TV Paranaense numa de suas intervenções na RTVE (transformada em seu feudo midiático) e chamou a revista Época de “canalha” – demonstrou todo seu ódio pela imprensa livre da forma mais baixa. O que mais os jornalistas do Paraná podem esperar do governador? É mais que evidente que para Requião somente interessa a imprensa chapa-branca, dócil e passiva, e que, no imaginário do governador, entre os jornalistas não-comprometidos existe uma verdadeira conspiração para sabotar seus planos e, como ele próprio afirmou, “jogá-lo” contra o governo federal. “Foi menos uma agressão pessoal e mais uma agressão à instituição imprensa”, afirmou Silveira, que aguarda uma posição da empresa sobre o assunto para tomar providências. A direção do Grupo RPC, que controla o Jornal de Londrina, não respondeu o questionamento do Sindijor sobre que medidas serão tomadas frente à violência de que foi vítima o jornalista. Procurado pelo Sindijor para se pronunciar sobre o caso, o assessor especial do governador, José Benedito Pires Trindade, não retornou as insistentes ligações. A única posição do governo foi dada à Folha de S. Paulo por assessores, segundo os quais a torção no dedo do repórter foi “involuntária”. Mais que ironia despropositada, esta situação revela o perigo para a imprensa das posturas totalitárias, que vêm inclusive de governantes democraticamente eleitos. “O governador desrespeitou e agrediu o jornalista numa clara tentativa de coibir o trabalho de Fábio Silveira, contrariando o direito de exercício profissional e, conseqüentemente, o direito da população de ser informada sobre os atos dos governantes”, afirmou em nota o vereador de Londrina Maurício Barros (PT). “A ação violenta do governador se constitui ao mesmo tempo numa violação aos mais comezinhos ditames da convivência democrática; que repudio ao associar-me ao sentimento de indignação de quantos vêem na profissão de jornalista uma missão imprescindível nas sociedades civilizadas”, afirmou o senador Álvaro Dias (PSDB) em carta ao Sindijor. O deputado estadual Barbosa Neto (PDT) fará um pronunciamento na segunda-feira na Assembléia Legislativa deplorando o tema. O Sindijor novamente tem de repudiar uma atitude de Requião com a imprensa, e espera que este episódio lamentável seja o fim do ciclo de animosidade do governo com os jornalistas.