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ARTIGOS

Autor: Annelize Tozetto
08/07/2015

Feminismo e o mercado de trabalho jornalístico

Feminismo e o mercado de trabalho jornalístico
Arte: Simon Taylor

O feminismo é um movimento político que visa à igualdade de direitos entre mulheres e homens em todos os setores da sociedade. Ele começou na Revolução Francesa e ganhou popularidade no mundo ocidental nas primeiras décadas do século XX. Uma das principais ícones do feminismo é Simone de Beauvoir, autora de “O segundo Sexo”, de 1949. A frase “Não se nasce mulher, torna-se mulher” é dela.


Como desconstrói inúmeros paradigmas, o feminismo iria - mais cedo ou mais tarde - ao encontro do jornalismo. Claro que o embate entre essas duas áreas acontece de forma lenta. Recentemente, a Women’s Media Center (Centro de Mulheres na Mídia, em tradução livre), que busca dar visibilidade às mulheres na imprensa dos Estados Unidos, divulgou uma pesquisa que mostra que, apesar de nos últimos dez anos quase 70% das pessoas graduadas em jornalismo serem mulheres, a maioria das reportagens é produzida por homens. Das 27 mil matérias analisadas, apenas 37,3% foram feitas por pessoas do sexo feminino. Somos mais de 50% da população mundial e, ainda assim, escrevemos menos de um terço das histórias do mundo.


Se juntarmos esse baixo percentual a algumas ideias e atitudes que vêm do sistema patriarcal e machista, o que encontraremos no mercado jornalístico? Matérias que objetificam mulheres (como aquelas que elegem as musas dos eventos), que as culpabilizam (por roupa, horário que andam na rua e outros 'n' motivos) e pelas violências recebidas. Há ainda quem divulgue que é culpa do feminismo e do movimento LGBT o homem estar “em crise” (e não do real motivo: a perda de privilégios).


O que fazer para esse cenário mudar? Primeiramente, contratar mais mulheres nas redações. Mulheres – reconhecendo-se ou não como feministas – não gostam de ter seus corpos, suas vidas e suas escolhas retratados como se fossem algo para deleite dos homens. Também precisamos dar nome correto às coisas. As mortes fruto de violência de gênero são casos de feminicídio, e não de “crimes passionais”. Outro gesto importante: ou chamamos todas as pessoas que entrevistamos pelo sobrenome ou pelo primeiro.


Devemos ainda, procurar mais fontes mulheres, e sem que elas sejam usadas para reforçar o que é masculino ou feminino, tampouco para dizer que “os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus”. Com essas pequenas mudanças, é possível inserir o feminismo dentro das redações e dos produtos jornalísticos. Acabaremos, assim, desconstruindo alguns valores que temos como certos. Esse não é (ou não deveria ser) o papel dos profissionais da imprensa?


*As opiniões publicadas aqui não refletem necessariamente a posição do SindijorPR, são de responsabilidade do próprio autor. Envie também seu artigo: extrapauta@sindijorpr.org.br.
Articulista: Annelize Tozetto
Annelize Tozetto é jornalista e fotógrafa formada pela UEPG, especialista em jornalismo literário pela ABJL/ Favi e integrante do Coletivo de Jornalistas Feministas Nísia Floresta.
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