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ARTIGOS

Autor: Mirna Tönus / Marcelo Engel Bronosky
19/12/2013

Algumas considerações sobre as novas de Diretrizes do Jornalismo

Desde a publicação da resolução que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Jornalismo, em 1º de outubro deste ano, coordenadores e professores de jornalismo de todo o país têm discutido sobre os impactos nos atuais projetos pedagógicos, bem como sobre os desafios referentes a adequações de carga horária - 3.000 horas no mínimo - e formatos de trabalho de conclusão de curso, além da implantação de estágio obrigatório.
Ao analisar o documento como um todo, consideramos que o primeiro aspecto a se destacar se refere à especificidade do jornalismo enquanto curso de formação profissional, evidenciando-se o que se espera do egresso em termos de aptidões, competências, habilidades, conhecimentos, atitudes e valores, com vistas ao exercício crítico e ético do jornalismo. Neste âmbito, os cursos deverão se organizar a fim de oferecer aos seus estudantes formação específica desde as séries iniciais, voltada a garantir conhecimento relacionado à área do jornalismo.
A divisão das diretrizes em eixos - fundamentação humanística, específica, contextual e profissional, aplicação processual e prática laboratorial - reflete a complexidade da formação jornalística, preconizada a equidade entre as cargas horárias destinadas a cada eixo, na tentativa de se estabelecer certo equilíbrio, o que pode ajudar a eliminar a tendência de se considerar um curso mais teórico ou mais prático, dicotomia, aliás, que já deveria ter sido superada, mas que ainda resiste. Com esta proposta, cada eixo deverá se relacionar com os outros, construindo um programa disciplinar amplo e comum, sem perder as especificidades de cada realidade.
O estágio curricular obrigatório, com carga horária mínima de 200 horas, desde que, somada à das atividades complementares, não ultrapasse 20% da carga horária total do curso, talvez seja o ponto mais polêmico das novas diretrizes, tendo em vista potenciais dificuldades de implantação. Considerando, entretanto, que há cursos que foram criados já com essa obrigatoriedade, os resultados obtidos por eles podem servir de subsídio para tal discussão. O importante é que se estabeleçam as regras institucionais para garantir que não represente mão-de-obra barata, nem substitua jornalistas formados. A ideia é que se estabeleçam parcerias com os Sindicatos de Jornalistas de cada região, com o objetivo de construir regras e responsabilidades. Neste caso, é essencial que, em cada estágio, se tenha um jornalista formado no local de trabalho, que será responsável por supervisionar e relatar aos cursos as atividades desenvolvidas.
Por fim, quanto ao trabalho de conclusão de curso, o fato de poder ser "um trabalho prático de cunho jornalístico ou de reflexão teórica sobre temas relacionados à atividade jornalística" foi bastante discutido antes da publicação das Diretrizes e ainda gera dúvidas. Como, no entanto, cabe a cada instituição elaborar regulamentação própria, nada impede que os jornalistas em formação desenvolvam projetos experimentais e monografias, abrangendo prática e teoria de forma integrada.
Obviamente, a diversidade de estruturas curriculares nos mais de 300 cursos existentes no país não nos possibilita pensar em um "modelo" de curso, nem é essa a intenção, haja vista que as características locais e regionais devem ser contempladas nos projetos pedagógicos. Além do mais, são diretrizes e não regras absolutas. São caminhos para que se busque formar jornalistas cada vez melhores e comprometidos com a sociedade. O que se sabe é que, até outubro de 2015, os cursos de Jornalismo deverão adotar as DCN. Muitos aspectos de sua implantação, porém, ainda estão sendo elaborados pelo MEC a partir de contribuições dos envolvidos via entidades como FNPJ, Fenaj, SBPJor e Socicom. Neste sentido, o FNPJ realizará, em abril de 2014, na Universidade Positivo (Curitiba, PR), seu encontro nacional, especificamente para tratar deste tema. Os interessados podem obter mais informações diretamente no site www.fnpj.org.br .

*O artigo de opinião é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Sindijor-PR.

Articulista: Mirna Tönus / Marcelo Engel Bronosky
Mirna Tönus – Presidente do FNPJ / Marcelo Engel Bronosky – Vice-presidente do FNPJ
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