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ARTIGOS

Autor: Júlio César Carignano
13/05/2013

O jornalista e a identidade de classe

Maio é o mês dos trabalhadores, onde são reafirmadas lutas históricas e as conquistas da classe trabalhadora. Momento de reforçar a união daqueles que efetivamente produzem a riqueza do país e que são os protagonistas da luta para acabar com toda forma de exploração e opressão.

Algumas categorias têm dificuldade de identificar-se como trabalhador, entre elas a dos jornalistas. A herança de uma concepção “romantizada” que ainda se tem da profissão, o “glamour” que permeia nossa atividade, faz com que os profissionais da mídia não se identifiquem enquanto sujeitos explorados que vendem sua mão-de-obra.

Boa parcela dos jornalistas custa a descer do salto e reconhecer a atividade mental que desempenha em troca de salário como força de trabalho. Contraponto esse “discreto charme” está a desvalorização do profissional jornalista em redações que adotam práticas que remetem aos tempos de poder oligárquico, especialmente no interior do Estado.

Redações infladas de estagiários, jornalistas com salários abaixo do piso, jornadas que vão de 08 a 10 horas diárias. Não bastasse a usurpação destes direitos previstos em convenções e acordos coletivos, os trabalhadores são registrados com funções discernentes a da categoria como forma do empregador burlar a legislação trabalhista (ex: locutor, entrevistador, auxiliar ou secretário de redação, ‘ronda’, operador de câmera, etc.).

O assédio moral de patrões e de colegas investidos em cargos de chefia e confiança dos empregadores também é algo cada vez mais presente nas redações. Em alguns locais o clima é de um verdadeiro “terrorismo” que nos remete a relações feudais com a presença com espécies de “capitães do mato” dominando não somente a força de trabalho, mas também o tempo e a personalidade dos chamados “colaboradores” (sic)!

Somado ao cenário– onde nossa atuação é reconhecida pela sociedade, mas onde não encontramos a mesma valorização nas relações trabalhistas - está a falta de consciência de classe de grande parcela da categoria que, entre outras atitudes, descarta seu órgão legítimo de representação. Os processos de negociações coletivas e campanhas feitas pelo sindicato – com o baixo envolvimento dos trabalhadores - são uma prova.

Pertencer a uma categoria (jornalista) e se visualizar enquanto classe (trabalhadora) é um trabalho de consciência e questão de identidade. A desunião dos jornalistas – que preferem viver nessa lógica liberal do cada um por si em busca de um lugar ao sol – é um prato cheio ao patronato na sua estratégia alienante de gestão das empresas e do contra-discurso de identidade de classe.


Júlio César Carignano é diretor do Interior do Sindijor-PR
jc.carignano@gmail.com

*O artigo de opinião é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Sindijor-PR.  

Articulista: Júlio César Carignano
É diretor do Interior do Sindijor-PR jc.carignano@gmail.com
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