A Convenção Coletiva de Trabalho das e dos jornalistas paranaenses 2025/2026 será homologada nos próximos dias. Na última terça-feira (24/06) foram realizadas assembleias pelo SindijorPR e Sindijor Norte PR, para discussão e deliberação da proposta apresentada pelos patrões. Mesmo com votos suficientes para avançar, a ‘oferta’ patronal encontrou resistência e não foi aprovada por unanimidade. Mais de uma centena de jornalistas compareceram e participaram das discussões.
Na base do SindijorPR, a proposta de renovação da CCT 2025/2026 apresentada pelos patrões foi reprovada, com 24 votos favoráveis, 38 votos contrários e 2 (duas) abstenções; e na base do Sindijor Norte PR, a proposta patronal foi aprovada com 54 votos favoráveis, 12 votos contrários e 1 (uma) abstenção. Dessa forma, a proposta patronal para a renovação da CCT 2025/2026 foi aprovada com 78 votos favoráveis, 50 votos contrários e 3 (três) abstenções.
Os salários serão reajustados em 5,32%, que corresponde à inflação incidente na data-base, vencida em maio. Com isso, o piso salarial para a jornada de cinco horas diárias será de R$ 4.602,84. O pagamento será retroativo à data-base e o texto da Convenção Coletiva será mantido integralmente.
Nas assembleias as demonstrações de descontentamento com a proposta patronal foram representativas. Há anos a categoria não recebe aumento real, tampouco reposição das perdas acumuladas, e os apelos em torno do estabelecimento de cláusulas sociais para atender as reivindicações das e dos jornalistas por melhores condições de trabalho segue sendo solenemente ignorado pelos empresários da comunicação.
Igualmente preocupante é a recusa em discutir a adoção indiscriminada da função de videorrepórter, ao pior estilo de “pague 1 e leve 3, 4 ou até 5”, pelas empresas de comunicação no Paraná. Além de impor uma sobrecarga de trabalho sem contrapartida, a lógica de multifuncionalidade expõe jornalistas a um risco maior de acidentes de trabalho, adoecimento decorrente da intensificação da rotina produtiva. Sem contar a vulnerabilidade em situações de violência, inclusive, com exemplos concretos disso no estado.
A corrosão do poder aquisitivo das e dos jornalistas paranaenses é outro ponto que tem passado ao largo da agenda patronal. Desde 2020, com o arrocho durante a pandemia, já são 10,41% de perdas acumuladas. Mas, aos empresários, pouco importa se os profissionais não têm condições para arcar com as contas básicas, nem tampouco se estão precisando se sujeitar à prestação de serviços freelancer para se manter.
Apesar do encerramento ‘precoce’ da campanha salarial – antes que questões prioritárias para a categoria pudessem ser aprofundadas – as e os jornalistas têm deixado claro que o descontentamento é crescente e que nem tudo poderá seguir sendo resolvido na base da imposição. A categoria clama pelo estabelecimento de um esforço permanente de lutas, até que seja impossível ignorar seu apelo por trabalho digno, seguro e decente.