Os jornalistas do Paraná estão sem reajuste salarial desde 1º de maio deste ano. Pior: estão há dois anos acumulando perdas em seus rendimentos e aumentando lucros dos empresários da comunicação. Este é o cenário atual dos profissionais, trabalhadores que seguem angustiados com a falta de empatia de seus empregadores na renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). É mais sobre não ter dinheiro para pagar contas de energia, ou para se manter dignamente dado ao impacto da inflação, em especial nos alimentos.
A última conversa com os empresários da comunicação, patrões dos jornalistas, aconteceu em uma Mesa de Negociação no dia 27 de setembro, presencialmente, em Curitiba, na sede da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP). A proposta apresentada pelos patronais, que tem como negociadora jurídica Rita de Cácia de Medeiros Guerim, ligada ao grupo GRPCOM, foi negada em assembleias realizadas pelos Sindijor Norte PR e SindijorPR em 29 de setembro.
Jornalistas de todo Paraná não aceitaram, por unanimidade, oestabelecimento de degrau para o piso, o que criaria uma distinção entre profissionais da ativa e os que ainda podem ser contratados, e pediram por um melhor valor de reajuste salarial. O oferecido em Mesa de Negociação pelos patrões era de 6%, menos do que a metade da inflação incidente na data-base, que é de 12,47% - isso sem contar perdas acumuladas dos últimos dois anos, de 5,3%. Aos profissionais que ainda ingressariam nas empresas, o reajuste oferecido era de apenas 4,5%.
Diante da situação, Sindijor Norte PR e SindijorPR encaminharam um ofício no dia 30 de setembro comunicando a recusa dos jornalistas na proposta patronal. No documento, os dois Sindicatos que representam profissionais constaram as demandas da categoria, voltaram a falar do percentual de 12,47% e indicaram que a tentativa de diferenciar salários é vista como um profundo sinal de desrespeito e desvalorização de mão de obra. No ofício, alertamos também que os trabalhadores têm amplo conhecimento a respeito dos ganhos financeiros, muitas vezes expostos pelos seus patrões, e falamos do agravamento da saúde mental entre os profissionais.
Os jornalistas não esqueceram, inclusive, que os empresários da comunicação vêm descaradamente alegando não ter dinheiro para pagar retroativos, dinheiro esse que faz falta no bolso dos trabalhadores que não tiveram o seu salário reajustado no tempo certo, com a data-base em 1º de maio. O Sindijor Norte PR e o SindijorPR adicionaram no ofício que a prática, imposta pelas empresas nos últimos dois anos, contribui ainda mais para o empobrecimento da categoria.
Muito bem, dito isso, no documento, entregue por e-mail no dia 30 de setembro, os Sindicatos dos jornalistas pediram retorno em 5 dias úteis das entidades patronais com objetivo de retomar as conversas e visando o estabelecimento de acordo.
No fim da primeira semana de prazo, no dia 7 de outubro, há dez dias atrás, os donos da mídia admitiram um atraso nesse retorno. "Assim que possível" entrariam em contato - essa foi a mensagem. Pois eis que uma segunda semana se passou desde então. No dia 14 de outubro, o Sindijor Norte PR e o SindijorPR tentaram falar com representante dos sindicatos patronais, mas sem sucesso.
O silêncio é entendido como falta de respeito. A dignidade dos jornalistas não é negociável - o salário sim. O Sindijor Norte PR e o SindijorPR seguem abertos a negociar em nome da categoria e têm sido pressionados a liderar protestos e a expor quais são as empresas que se dizem humanas, mas são na verdade exploradoras de mão de obra.
Se Liga na CCT, jornalista
Sindijor Norte PR e SindijorPR criaram um PDF que mostra o histórico da CCT, a evolução da negociação, números e demais aspectos, até de convenções coletivas de trabalho que já alcançaram acordos em outros Estados.
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Este mesmo material também será compartilhado nas redes sociais dos dois Sindicatos de jornalistas profissionais.
Quem são os sindicatos patronais que negociam em nome dos empresários?
Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Paraná (SERT-PR), cujo presidente é Cézar Telles.
Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná (Sindejor-PR), cujo presidente é José Nicolás Murta Mejía.