O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) não esqueceu da situação vivida pela jornalista Giuli Kuiava. Em março deste ano, por meio de uma
reportagem do site The Intercept Brasil, veio à tona a informação de que a profissional foi ameaçada de morte pelo ex-noivo Denian Couto. Para piorar a situação, Kuiava, na ocasião, ainda trabalhava no mesmo ambiente que seu agressor.
Paralelo a isso, o
Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu uma investigação trabalhista na empresa, para verificar se a violência de gênero restringe-se à aplicação da Lei Maria da Penha ou se incide em falta de promoção de cultura contra o assédio no ambiente de trabalho. O jurídico do SindijorPR informou que apresentou uma lista de trabalhadores ativos e inativos para serem ouvidos pelo MPT. A ação continua e segue em segredo de justiça.
Outras medidas foram tomadas pelo SindijorPR. O Sindicato solicitou junto à Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) informações sobre o andamento do Boletim de Ocorrência (BO) e foi conversar com a Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa (Alep) para que intermediasse a denúncia na Casa, mostrando que as mulheres que sofrem violência não estão sozinhas. A vítima participou de uma
audiência pública na Alep.
Na última quarta-feira (05), o SindijorPR entrou em contato com a deputada Cantora Mara Lima (PSC), presidente da Comissão da Mulher, para saber como está o caso. A assessoria da parlamentar informou que o BO deu origem a dois procedimentos: um inquérito policial e um pedido de medidas restritivas. O primeiro já se encontra relatado e foi encaminhado para o Ministério Público. O segundo foi encaminhado para o Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Kuiava segue trabalhando na RIC. Couto, por sua vez, assumiu a função de âncora em um programa na Rádio 92,9 FM, em Curitiba, mesmo após toda essa história. "Denian está de volta!", anuncia uma das peças publicitárias. Em outra, ele aparece com luvas de boxe. "Estão prontos para um programa sem mimimi?", pergunta. Ogier Buchi, que chegou a ser candidato a governador do Paraná, também faz parte da "atração".
A diretora de comunicação do SindijorPR, Mariana Franco Ramos, lamenta que esse tipo de situação ainda perdure no Brasil. "Infelizmente não é de se estranhar, num país onde o próprio presidente da República homenageia quem espancou a ex-companheira, que agressores de mulheres sigam impunes, prestigiados e protegidos por outros homens, enquanto as vítimas lutam para reconstruir suas vidas. Mas continuaremos vigilantes, cobrando das autoridades ações mais eficazes no combate à violência de gênero, e oferecendo apoio. Esse não é um problema particular. É uma situação que diz respeito a todas e todos nós".