ARTIGOS
O primeiro planejamento da Gestão Luta Jornalista a frente do Sindicato de Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), realizado nos dias 4 e 5 de julho, no Assentamento Contestado, na Lapa (PR), colocou em evidência os problemas organizativos vividos no sindicato e no sindicalismo brasileiro de modo geral.
Grande parte do impedimento a uma melhor organização sindical dos trabalhadores vem do modelo sindical corporativista, estruturado no período do governo de Getúlio Vargas, na década de 1930.
Esta estrutura favoreceu o modelo de sindicalismo baseado numa representação passiva da categoria em relação à direção sindical, que em tese é delegada e se compromete a resolver todos os problemas da categoria.
Alguns apelidam isso de o “sindicalismo do eu resolvo”.
Fomentar esta situação somente favorece uma cultura de não participação, de falta de organização por local de trabalho, de desmobilização, de incentivo ao personalismo, de sobrecarga do setor jurídico etc.
As opções do sindicalismo ditam que modelo e, consequentemente, quais ações serão feitas. É fundamental então, nesse sentido, compreender que as pautas imediatas estão ligadas à pauta geral, o que também se casa com a luta política.
Como melhor exemplo desse raciocínio temos o tema das terceirizações, um projeto já aprovado na Câmara Federal e que pode impactar a questão imediata dos trabalhadores.
“O operativo do chamado modelo sindical corporativo é separar a ação sindical da luta política”, afirmou o sociólogo Cesar Schutz, que assessorou a diretoria no planejamento.
Categoria diferenciada
Os jornalistas se enquadram dentro do conceito de categoria diferenciada, uma vez que trabalham de forma pulverizada em diferentes locais de trabalho, em menor número de trabalhadores.
Este é o caso de profissões tais como engenheiros, jornalistas, psicólogos, entre outros, e isso os diferencia de ramos de trabalhadores como construção civil, metalurgia e bancários, em que os trabalhadores estão concentrados em maior número em um mesmo local de trabalho.
Ao mesmo tempo, há desafios enormes, uma vez que os jornalistas convivem com situações de arrocho salarial e, ao mesmo tempo, de pressão por parte da chefia. Ainda assim, é possível encontrar caminhos para uma melhor organização e força de pressão pelos seus direitos.
Formas de organização
A gestão Luta Jornalista, dando sequência às formas de organização experimentadas pelas outras gestões, está bastante preocupada com o envolvimento dos jornalistas na gestão.
Para isso, foram criados espaços tais como os coletivos para convocatória aos diferentes segmentos de jornalistas. Os primeiros coletivos apontados são de assessoria de imprensa/comunicação, jornalistas sindicais, e o coletivo de imagem, que reúne repórteres cinematográficos e fotográficos.
O objetivo dos coletivos é gerar força e abrir um espaço para discussão de problemas de cada segmento. Ainda no tema da mobilização, a diretoria definiu também a visita mensal a redações e locais de trabalho.
Soma-se a este cenário a discussão de temas como questão de gênero e o tema da mídia pública, em que diretores do SindijorPR atuam em espaços da sociedade civil.
Em casos da organização em assessorias de empresas estatais, o mais interessante é que o sindicato componha fóruns com outros sindicatos para debater a campanha salarial, mesmo que ao lado de outros sindicatos mais numerosos. Um jornalista por local de trabalho já é suficiente para a participação do sindicato.
Temos características diferenciadas, mas a apatia não se justifica em nenhum momento. Podemos fazer debates de relevância para a sociedade e, ao mesmo tempo, enfrentar uma situação de precarização. Eis o nosso desafio.