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10/10/2025

Algoritmos, "Pejotização" e IA: Congresso de Jornalistas debate liberdade de imprensa e democracia

O segundo dia do 8º Congresso Paranaense de Jornalistas teve como destaque uma mesa que discutiu as relações entre jornalismo, liberdade de imprensa e democracia. As discussões, que reuniram jornalistas, advogados e lideranças sindicais, giraram em torno de temas como a degradação das condições de trabalho da categoria e a superficialidade da informação consumida digitalmente. O dia também teve a apresentação do projeto de criação da Associação Amigos de Jornalistas, a divulgação de livros e a oferta de oficinas de técnicas jornalísticas.


O congresso se estende até sábado, no Setor de Artes, Comunicação e Design (Sacod) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba.



Mesa principal: Jornalismo, liberdade de imprensa e democracia


Abrindo a mesa principal, realizada à noite, a conselheira estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) Danisléia da Rosa denunciou as ameaças que o direito à informação sofre principalmente no contexto da informação digital. Ela destacou os malefícios funcionamento de algoritmos de redes sociais e ferramentas de inteligência artificial. “O algoritmo é uma nova forma de censura, silenciosa”. Ela apontou, inclusive, práticas discriminatórias de algoritmos e de ferramentas de IA, como a apresentação de pessoas pretas para buscas pelo termo “cabelo ruim”. “O preconceito, que já estava na cidade, agora mora no código”, avalia.


Nesse mesmo sentido, os jornalistas Cristiano Botafogo e Pedro Daltro, do podcast Medo e Delírio em Brasília, falaram sobre a relação entre tecnologia e informação. Botafogo criticou o fluxo informativo de redes sociais, mediado por algoritmos, que gera superficialização de conteúdo e cristalização de crenças. Face a isso, o jornalista defendeu a regulação das redes sociais “É essencial; tem de acontecer”. Ele também destacou que o jornalismo tradicional é a base de produtos informativos diversos, como o próprio podcast feito por ele, que mescla análise política e humor. “Não dá para viver sem o jornalismo profissional”.


Daltro, por sua vez, demonstrou temor com o avanço da inteligência artificial generativa e a proliferação de deep fakes, em que mídias impostoras, como áudios, são confundidas com mídias legítimas, especialmente em contexto político.


Debatendo as condições de trabalho dos jornalistas, o advogado trabalhista Christian Mañas, que é assessor jurídico do SindijorPR, manifestou preocupação com o crescimento da prática conhecida como “Pejotização”, que consiste na contratação de trabalhadores como Pessoas Jurídicas. Mañas classificou a prática como “fraude na relação de trabalho”, que tem como consequências a perda de direitos trabalhistas, como benefícios de convenção coletiva e reajuste salarial. Ele aponta, ainda, que a prática é justificada a partir de uma falsa relação simétrica entre trabalhador e empresa, tendo como intuito único a redução do recolhimento de tributos pelas empresas.


Por fim, a jornalista e presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Samira de Castro, enfatizou o processo de ataque ao jornalismo profissional e às condições de trabalho da categoria, feito sobretudo pelo campo da extrema direita. “Jornalismo, democracia e liberdade de imprensa são conceitos em disputa no Brasil”. Ela destacou que os ataques buscam minar o jornalismo, de forma a enfraquecer a própria democracia. Por fim, ela conclamou a união da classe jornalística, em nome do fortalecimento da profissão. “Se a gente não se organizar para lutar pelos nossos direitos, vamos noticiar o direito dos outros sem ter nossos próprios direitos”.


Projeto da Associação Amigos de Jornalistas


À tarde, a diretora para Jornalismo Sênior e Aposentadoria do SindijorPR, Martha Feldens, e a jornalista Miriam Karam apresentaram aos participantes do congresso o projeto de criação da Associação Casa de Jornalistas do Paraná. A associação, entidade sem fins lucrativos, que está em processo final de criação, deve trabalhar para melhorar as condições de vida de jornalistas 60+ ou em situação de vulnerabilidade. A intenção é promover atividades de formação, empregabilidade, orientação para aposentadoria e criar um fundo emergencial para ajudar os associados que tenham demandas mais urgentes. No futuro, a associação também pretende implantar uma residência, com espaço de trabalho, encontro e formação.


Divulgação de livros e oferta de oficinas


A programação da tarde teve, também, a divulgação de livros, além da promoção de duas oficinas de técnicas jornalísticas. A roteirista de HQs, editora e produtora cultural Mylle Pampuch divulgou o livro Arrojadas: mulheres paranaenses que reescreveram a história”, lançado em 2023. Trata-se de uma obra, em formato de história em quadrinhos, que narra a trajetórias de grandes mulheres paranaenses, como a educadora Júlia Wanderley, a empresária Ana Bertha Roskamp e a feminista Mariana Coelho. A mediação da conversa foi feita pela jornalista Julia Sobkowiak, repórter do Plural.


Ainda no período da tarde, ocorreram as oficinas: a jornalista e professora universitária Lenise Klenk ministrou a oficina “Podcast jornalístico - da pauta à edição”. Em paralelo, a jornalista Tayná Soares conduziu a oficina “Assessoria de imprensa - como construir narrativas de impacto”.


Realização


8º Congresso Paranaense de Jornalistas só se tornou possível graças à parceria e ao apoio inestimável de diversas entidades e empresas, que acreditam na força e na relevância do jornalismo paranaense: Bebidas Campo LargoCopelCUT ParanáFETECPRMabu HotéisOAB PRSacod UFPRSaneparSenge-PRSicrediSindicato dos Bancários de CuritibaSismucSuli ConfeitariaTeatro GuaíraTudo Menos Glúten.


Acesse aqui o vídeo da mesa Jornalismo, Liberdade de Imprensa e Democracia


Confira mais fotos do 8º Congresso Paranaense de Jornalistas no Flickr do SindijorPR


Foto: Aline Reis

Autor:SindijorPR
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