A primeira mesa de negociação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2025/2026 foi realizada em Curitiba, na quinta-feira (27), entre as diretorias dos sindicatos que representam os jornalistas paranaenses – SindijorPR e Sindijor Norte PR – e representantes dos empresários da mídia do Paraná. O advogado trabalhista Christian Mañas, da assessoria jurídica do SindijorPR, acompanhou a reunião. As discussões foram em torno do reajuste salarial e outros direitos dos trabalhadores.
A negociadora jurídica Rita de Cácia de Medeiros Guerim, representante dos Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Paraná (SERT-PR) e Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (SINDEJOR-PR), iniciou a mesa citando o recebimento da pauta de reivindicações de jornalistas paranaenses e que, apesar de agenda comum acordada com os sindicatos que representam a categoria, os patrões não chegaram a discutir os temas. Rita, no entanto, adiantou o que ouviu dos empresários.
Ao se referir aos pedidos de trabalhadores, antecipou que os patrões estão preocupados com o suposto "custo adicional" do reajuste salarial, estimado pelo DIEESE em 5,33% para a data-base em 1º de maio (INPC). Disse também que a reposição das perdas salariais, de 10,41%, amargadas por jornalistas desde 2020, não entraria em discussão. Sobre o pedido para que a CCT contemple a atualização da Norma Regulamentadora número 1 (NR-1), que trata da segurança e saúde no trabalho, também informou que não haveria acordo para inclusão de compromisso relacionado aos temas na Convenção. Também argumentou que há empresas alegando desaceleração, em especial, em jornais e rádios do interior.
As diretorias dos sindicatos de jornalistas, então, argumentaram em nome dos trabalhadores. “Os profissionais estão adoecendo e até mesmo se retirando da profissão por conta do arrocho nos salários”, afirma Aline Rios, diretora de defesa corporativa do SindijorPR.
Por meio da exposição de dados e pesquisas, SindijorPR e Sindijor Norte PR comprovaram que desde 2020 as empresas têm se beneficiado de acordos de reduções de salários e desonerações sobre as folhas de pagamento durante a pandemia, além de reajustes abaixo da inflação e os sistemáticos atrasos em pagamentos sem retroativo. "Além disso, durante a conversa, a negociadora patronal revelou que as empresas não estariam dispostas a repassar nem 60% da inflação atual, o que é uma afronta", conta o secretário geral do Sindijor Norte PR, Ricardo Andretto Fonseca. "O reajuste cheio da inflação é o mínimo que se espera, tal como minimamente algum percentual que recupere parte das perdas impostas pelos empresários”, completa.
Ao ser questionada sobre ausência de uma proposta do SERT-PR e SINDEJOR-PR aos jornalistas paranaenses, a negociadora jurídica Rita contou que empresários têm intenção de acabar com direitos consolidados, tais como o anuênio e as gratificações por função. Além disso, querem desrespeitar a legislação vigente e contratar estagiários desde o 1º ano da faculdade.
“Os sindicatos enviaram a pauta aos patrões para que houvesse discussão, mas o que aconteceu foi que eles sequer analisaram os pontos. Os jornalistas do Paraná acumulam perdas desde a pandemia, enquanto as empresas jornalísticas tiveram lucros e aumento de audiência. É inaceitável que os trabalhadores jornalistas não tenham dignidade para exercer suas funções enquanto as empresas ganham cada vez mais dinheiro e aporte do Poder Público”, destaca a presidente do SindijorPR, Aline Reis.
Tanto o SindijorPR quanto o Sindijor Norte PR já se negaram a negociar a retirada de direitos já estabelecidos na CCT, o que inclui o anuênio e qualquer pagamento ou benefício já estabelecido em convenção anterior. Os sindicatos reforçaram o pedido para que os sindicatos dos empresários da mídia analisem todas as reivindicações da categoria e tragam uma proposta digna. Sobre reajuste salarial, Rita de Cácia de Medeiros Guerim, do SERT-PR e SINDEJOR-PR, disse que uma proposta poderia ser formulada pelos patronais após a divulgação do índice do INPC do mês de março. A previsão é que isso aconteça entre os dias 14 e 15 de abril.
A dignidade dos jornalistas é valor inegociável. Os sindicatos de jornalistas do Paraná estão em assembleia permanente para discutir temas relacionados à CCT e vão retomar visitas às redações nos próximos dias para convocar trabalhadores a se unir em defesa da categoria.