Dois mil e vinte e seis está aí. Ano eleitoral. Eles vão aparecer com mais intensidade. Vão usar antes do nome a "plaquinha" de doutor, professor, delegado, reitor, sargento, policial, pastor, agricultor, lutador, entre outros, pra te impressionar. Vão te abraçar, dar tapinhas nas costas, comer pastel, tomar café naquela canequinha de alumínio amassada (depois mascar alguma goma pra limpar a boca), vão pra feiras, vão falar de suas origens sofridas da qual sempre que podem tiram proveito. Até em ações culturais que nunca lhes interessa e das quais não entendem nada, eles vão comparecer. Ou você já viu algum político em um evento cultural, espontaneamente, sem interesses outros? Posso dizer que em pelo menos 50 anos de participação em atos culturais, raramente vi um político participando sem esses interesses outros.

Vão fazer vídeos em parques públicos, que não costumam frequentar, reproduzindo um texto da sua equipe de marqueteiros, porque muitos nem falar sabem, quanto menos escrever. Vão segurar crianças ranhentas no colo, que o que mais precisam é de vaga em creche e saúde, e usar capacete na construção civil. Vão tentar te convencer de que são os mais dignos, os melhores para a cidade, estado, país. Mesmo que ainda tenhamos escolas sem parede espalhadas pelo país. Mesmo que não tenham planejamento, projetos pra evitar enchentes. Mesmo que tenham votado contra projetos que beneficiariam os menos favorecidos e votado projetos que favorecem os mais ricos. Mesmo que tenham votado pela devastação do meio ambiente. Mesmo que tenham votado pra proteger e aumentar seus salários em detrimento do salário mínimo - o que pra eles é o responsável por não fechar a conta no país. E pasmem! Eles votaram para aumentar o número de deputados de 513 pra 531, o que vai onerar o estado em cerca de R$ 95 milhões por ano. Prepare-se pra pagar mais essa despesa.

Nas redes sociais e na TV, vão dizer que trouxeram tanto em emendas parlamentares - aquelas que eles não querem que sejam fiscalizadas -, como se o dinheiro fosse deles. Eles não vão deixar claro pra você, que esta grana que tanto exaltam e usam pra se exaltar, é minha e sua, nossa, e que vem das nossas contribuições (algumas forçadas) pagas aos governos e que estão apenas repassando.

Todo esse interesse pelo povo, pelas vilas, pelos mais pobres, todas as promessas, desaparecerão assim que eles forem eleitos. Ao embolsar seus quase R$ 50 mil para os deputados federais, e quase R$ 35 mil para estadual, no caso do Paraná, sem contar os penduricalhos (auxílio-moradia, auxílio-paletó, combustível, alimentação e viagens), a mente desses sujeitos apaga promessas, abraços, cafés em canecas amassadas etc. Os atuais legisladores têm pensado muito mais neles, nos seus interesses, em proteger-se e a seus partidos ou segmentos que lhes convém, do que nos seus eleitores. 

Por isso, preste atenção na hora do voto. Deixe um pouco as ideologias (direita, esquerda) de lado e veja o que o seu candidato fez de fato. De preferência, não o reeleja se você o acompanhou e viu que não fez nada durante quatro anos. Evite transformar aves de rapina em profissionais da política. "Crie corvos e eles arrancarão seus olhos", diz o dito popular. Tem muita gente desqualificada que entra na política apenas pra tumultuar, cometer atos de corrupção e ganhar o seu, além das rachadinhas, prática mais comum do que se imagina.

Abre o olho, eleitor!