ARTIGOS
Quando a presidenta deste Sindicato, Aline Reis, me provocou a escrever um artigo para o mês do Orgulho LGBTQIA+ fiquei me questionando qual tom usaria nessa publicação, quais dados traria para contextualizar e quais experiências particulares deveria (ou não) contar.
No mercado de trabalho, tudo conta: seu gênero, classe social, orientação sexual, idade, qual estilo de roupas que usa. Lembro de, quando jovem, minha mãe dizer para andar sempre “limpinha”, porque apesar de pobre, deveríamos manter a aparência e procurar se infiltrar para se fazer ouvido. Cresci achando que para fazer parte, eu deveria estar dentro de um determinado padrão.
Mas que padrão é esse? Demorei para me aceitar como mulher bissexual, depois para aceitar meu corpo como ele é e todas as suas mudanças, demorei a entender que meu estilo poderia ser diferente das outras pessoas, que eu não preciso me achatar para caber. E isso não é culpa da minha mãe (que Deus a tenha), mas sim de uma sociedade machista e patriarcal, que objetifica nossos corpos e faz com que a gente tente sempre se encaixar para agradar.
Mas aí, depois de me questionar e passar por todo esse processo de aceitação (será que me aceitei realmente?), me deparei com o mercado de trabalho e todas as suas nuances preconceituosas. Já ouvi frases desde “a esquerdista que não gosta de trabalhar” de um gestor que não queria pagar o que me devia num processo de rescisão, até “você quer beijar a menina que gosta de meninas?” de um superior que estava indagando outro sobre mim (nem vamos entrar no assunto assédio aqui).
Os dados e exemplos (milhares!) estão aí para quem quer procurar, ouvir, conhecer, se aprofundar e lutar. Mas, decidi não me estender muito neles, porque acho que acima disso, a reflexão que quero deixar para vocês é: você olha para o seu local de trabalho e se pergunta sobre a diversidade daquele local? Você verifica se a sua empresa contrata pessoas negras? Você possui colegas LGBTQIA+? Você vê mulheres em posições de liderança?
E, além de olhar e perceber tudo isso, você faz algo para mudar? Você questiona seus superiores? Você atua no seu dia a dia para que o seu local de trabalho seja mais diverso e o mundo mais plural?
*Adriana Barquilha é jornalista formada pela PUCPR. Atualmente, é social media no Sindicato dos Bancários e Financiários de Curitiba e região. Já atuou em assessoria de imprensa, relações públicas e mídias sociais. Nas horas vagas, joga futebol e organiza jogos recreativos e campeonatos femininos. É torcedora do Coritiba e luta por um ambiente esportivo, seja nos campos ou nas arquibancadas, mais plural.