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03/12/2021

SindijorPR repudia tentativa de desmantelar TV Educativa de Ponta Grossa

Prefeita Elizabeth Schmidt enviou PL à Câmara para deixar de prover a emissora por não considerar a aplicação de recursos no acesso à informação e à cultura como uma prioridade


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) vê com extrema preocupação a iniciativa da prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schimdt (PSD), que enviou nesta semana à Câmara Municipal o Projeto de Lei 339/2021 que prevê a retirada do Município do Conselho de Curadores da Fundação Educacional de Ponta Grossa (Funepo), responsável por gerir a TV. A medida, se efetivada, representará o desmantelamento da emissora, que poderá ficar sem recursos para manter as atividades, sem trabalhadores para colocar a programação no ar e sem comando – uma vez que o titular da outorga estará se eximindo de toda e qualquer responsabilidade.



A TVE de Ponta Grossa tem mais de 21 anos de história e, no passado, já chegou a manter no ar dois telejornais diários e pelo menos sete programas locais – resultado do trabalho de 24 profissionais, à época, dedicados exclusivamente à produção para a emissora. Há praticamente dois anos sem telejornal e com pouquíssimos recursos materiais e humanos, recentemente a TV tem enfrentado um processo de desgaste de sua imagem e que, de certa forma, visa desvalorizar o seu potencial perante a sociedade, fazendo parecer que ela não é importante e necessária à população – o que é uma inverdade.


O Brasil, segundo dados divulgados pelo Governo Federal em 2015, possui mais de 200 emissoras de televisão com finalidade educativa, ou seja, TVs que operam em uma lógica distinta das emissoras comerciais e que, em tese, devem se dedicar à transmissão de programas educativos, culturais e que valorizem o protagonismo cidadão. Palavras bonitas que, na prática, equivalem ao exercício de um jornalismo que faça sentido na vida das pessoas (não focado em exaltar governos, políticos e seus ‘amigos’, por exemplo); à garantia de acesso à produção cultural local e regional; que leve educação (inclusive de ordem profissional) às pessoas; e, o mais importante, assegurando a existência de uma emissora aberta e efetivamente disponível à população.


Na mensagem enviada à Câmara, a prefeita Elizabeth Schimdt afirma que “(...) não é possível a continuidade da manutenção da Funepo, uma vez que esses recursos materiais e humanos serão melhor investidos nas prioridades de atendimento à população”. Discurso muito semelhante ao usado por Jair Bolsonaro para atacar a credibilidade da TV Escola e que, considerando a expressa ‘preocupação com a aplicação de recursos’, contrasta com as cifras milionárias investidas pela Prefeitura de Ponta Grossa a título de publicidade em veículos de comunicação comerciais e também, utilizadas para custear a manutenção de mais de 200 cargos de livre nomeação – ou seja, postos no serviço público ocupados mediante indicação política.


Longe de ser erroneamente compreendida como “despesa”, o investimento na TV Educativa é a expressão de alguma preocupação com a manutenção de uma política de comunicação pública. E, neste sentido, é necessário sempre enfatizar que a garantia de acesso à informação é um direito que assegura outros direitos às pessoas. Um exemplo foi a utilização pela Prefeitura de Ponta Grossa da TVE, durante a pandemia de Covid-19, para levar aulas às crianças da rede pública que não podiam frequentar a escola presencialmente.


Desta forma, o SindijorPR, que possui representação no Conselho de Curadores da TV Educativa de Ponta Grossa, repudia a tentativa de sufocar a emissora e apela para o bom senso da prefeita para que inverta a lógica: deixando de entender a TVE como prejuízo e passe a compreender a emissora como um espaço para a promoção de cidadania, cultura e que possa, inclusive mediante a contratação de jornalistas e outros profissionais igualmente qualificados, levar informação de interesse público à população de Ponta Grossa e de outros municípios da região.

Autor:SindijorPR
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