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27/10/2021

DE QUEM É A CULPA?

Patrões querem impor 1% de reajuste salarial aos jornalistas paranaenses


Em silêncio. É assim que os patrões têm ficado diante dos pedidos do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) para a retomada da negociação salarial. Isso acontece depois dos Sindicatos informarem, pela segunda vez consecutiva, em mesa de “negociação”, que a proposta dos patrões de 1% de reajuste nos salários não é aceita pela Categoria – percentual, inclusive, já recusado em assembleia conjunta.



As aspas são necessárias em “negociação”, pois há a tentativa de impor a situação de UM por cento. Não tem havido abertura nem de trabalho quanto aos 7,59%, questão financeira apresentada pelos Sindicatos desde o início das conversas sobre a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2021-2022. Sem qualquer resposta dos empresários da comunicação, uma vez que a última reunião oficial com um advogado patronal foi em 2 de setembro, as entidades que representam os jornalistas encaminharam uma carta conjunta em nome da Categoria, em 13 de outubro, expondo que as perdas acumuladas dos trabalhadores passam de 14%, quase o dobro do solicitado.


O silêncio se seguiu entre os patrões e tanto o Sindijor Norte quanto o SindijorPR decidiram expor uma moção de solidariedade e repúdio à interrupção dos patrões nas negociações coletivas, aprovada no Congresso Nacional dos Jornalistas. O texto é apoiado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), delegados e delegadas de todos os Sindicatos e jornalistas presentes no evento. Fará parte do relatório final do Congresso, ainda em elaboração, e com a subscrição de representantes de cinco Estados diferentes. Os Sindicatos chegaram a encaminhar a moção e o texto de suas publicações ao patronal em 20 de outubro, mas seguiu-se com a falta de movimento por parte das empresas.


Mais uma semana se passou e agora as entidades foram provocadas a pensar “DE QUEM É A CULPA?“. E é exatamente essa a pergunta que o contratado do Grupo RIC, Ricardo de Jesus, conhecido como “Salsicha”, fez no programa em que apresenta na RIC Record TV, Balanço Geral Maringá. A empresa é uma das que integra o sindicato patronal. O questionamento do apresentador foi feito no dia 26 de outubro, enquanto ele repercutia, em tom de indignação, mais uma alta no preço dos combustíveis, que impacta diretamente o bolso de todos:


“De quem é a culpa, você fala? Porque a gente não aguenta mais, os nossos salários não [sobem]. Quando a gente vai pedir um ‘aumentinho’, aí vem lá o Sindicato, não sei o que, não sei o que lá. Ó você teve um grande aumento no salário… 1%. É. E fala assim: e ‘tá’ bom! Pega logo 1%, que é o que tem. Não é assim mais ou menos? Quando você vai negociar: ó você vai ter um aumento muito bom esse ano. Quanto? 1,5%”. O trecho do programa onde o apresentador fez este comentário é público e está disponível no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=N6POK4z6lYU&t=3780s.


Mesmo que de forma inconsciente, o apresentador expôs o impasse que os jornalistas vivem na mesma empresa onde trabalha. O que os empresários da comunicação querem, neste momento, é que seus “colaboradores” aceitem 1%, ou um percentual 1 vírgula alguma coisa acima disso, como se fosse alguma esmola. E, sim, esse é um pensamento do Grupo RIC, integrante do sindicato patronal, que alega “crise” para nem sequer trabalhar o percentual apresentado pelos Sindicatos, que reforçamos: é de 7,59%, ainda que as perdas passem de 14%.


Só o Grupo RIC tem investido milhões em construções de novas sedes, reformas e ideias. É o caso do investimento em inteligência de dados e tecnologia, o que pode aumentar o faturamento em 20% das empresas do grupo, com previsão de R$ 2 milhões ao ano. Em Maringá, vão ser pelo menos R$ 5 milhões na construção apenas da infraestrutura do novo prédio da RIC Record TV. Uma nova sede já está em construção no Oeste do Paraná também. No final do ano passado, o Grupo adquiriu as rádios Folha FM e Igapó FM, as duas ganharam “relançamentos” em abril e em maio deste ano com uma “mudança de energia”. Ainda em 2020, a RIC firmou contrato com o Governo Ratinho Junior para transmitir aulas durante a pandemia e recebeu dos cofres públicos pelo menos R$ 8,1 milhões.


Voltando ao assunto do apresentador e seu comentário, que atinge não só quem vem negociando por jornalistas, mas outras categorias também, o próprio Grupo RIC usou um jatinho particular para levar o apresentador de Maringá a Curitiba para renovação contratual. Os jornalistas da cidade, já impactados pelo preço dos combustíveis e que optaram por transportes alternativos como ônibus, por exemplo, estão até ficando sem opções. Enquanto pagam pelo transporte aéreo de alguns, o “busão”, só na cidade, teve reajuste de tarifa de 16,3%.


O Grupo RIC é só um exemplo de como o discurso utilizado pelo sindicato patronal – ou seja, dos empresários – de que há crise, não cola.


Tal como expos esses milhões e essa falta de lógica de uma das empresas de comunicação do Paraná, o Sindijor Norte PR e SindijorPR pretendem continuar mostrando o exemplo de outras emissoras e grupos de imprensa que integram o patronal. Isso para que a população saiba que os jornalistas, que só querem conversar, têm sido tratados apenas como uma força de trabalho em nome do lucro dos patrões.


Os Sindicatos se mantêm abertos a dialogar em mesa de negociação com o patronal e, ao índice de 7,59%. Precisamos, somente, que o silêncio seja quebrado e que não continuem tentando impor esse 1%, percentual que não é justo a quem tem ajudado as empresas a manterem suas prosperidades.


DE QUEM É A CULPA? Não é dos Sindicatos e nem dos jornalistas, trabalhadores das empresas de comunicação.

Autor:SindijorPR e Sindijor Norte
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