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23/04/2018

Professores de jornalismo participam de congresso em Tocantins

Professores de jornalismo participam de congresso em Tocantins
Foto: Erivam de Oliveira

“O momento em que vive o Brasil e, consequentemente, o ensino superior, impõe desafios redobrados para o jornalismo”. Foi desta forma que Marcelo Bronosky, presidente da Associação Brasileira de Ensino de jornalismo (ABEJ) abriu o 17° encontro nacional de professores de jornalismo.


Durante quatro dias o Congresso sediado pela Universidade Federal de Tocantins (UFT) debateu entre quase 50 professores de jornalismo e representantes de organizações em defesa do jornalista de todo o Brasil temas como as novas diretrizes do currículo da área, ética profissional e regulamentações do estágio na profissão.


Os impactos iminentes da reforma trabalhista na educação superior foram pontuados como extremamente preocupantes no Encontro. O professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Sérgio Gadini, trouxe a situação que vive a Espanha como exemplo. Os trabalhadores do país europeu já sofrem as consequências da reforma laboral instituída em 2012, bastante semelhante à brasileira. “Os espanhóis já comprovaram a retirada de direitos trabalhistas, a precarização das relações de trabalho e o enfraquecimento das entidades representativas. Perder a condição de reivindicar direitos torna o trabalhador mais vulnerável ao poder do capital. Nossa economia já mostra que os governos ficam reféns de sistemas que cada vez mais cortam recursos destinados a serviços públicos essenciais, como a educação, a pretexto de que isso seria um gasto”, explica.


Já fazendo uma análise mais interna do papel do professor, o pesquisador do departamento de Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco, Alfredo Vizeu, trouxe em conferência a reflexão sobre o ensino em tempos de crise. Para Vizeu, o jornalismo contribui para a formação de um espelho da realidade, mas tem se submetido ao falso poder de prever e sentenciar por meio da mídia, esquecendo da premissa maior da profissão: a ética. “O jornalismo tem como missão básica interpretar a realidade social e com isso contribuir para que o ser humano compreenda mais as sociedades complexas. Essa é uma função central do jornalismo: as sociedades democráticas”, enfatiza.


SindijorPR e Professores do Paraná


Dez docentes do Estado estiveram no Encontro, incluindo PUC, UFPR, UNINTER e UEPG. Cíntia Xavier, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, entende o Encontro como uma oportunidade de pensar o jornalismo continuamente, tanto como profissão como aprimoramento do ensino garantindo ao aluno uma possibilidade de olhar para o mundo de maneira diferente. “São muitos detalhes das diretrizes curriculares nesse contexto nacional que é multifacetado, muito heterogêneo, e ao mesmo tempo, igual em alguns aspectos: a dificuldade de formar jornalistas e a dificuldade da relação com o mercado de trabalho. Isso tudo nos ajuda a enfrentar nosso cotidiano, o que precisa ser compartilhado com nossos professores e nossos estudantes.”


Práticas de ensino de relevância social foram apresentadas como fundamentais na proposta de cumprir o papel social do jornalismo. O incentivo ao jornalismo alternativo, foi apresentado como uma forma de luta, militância e resistência à mídia hegemônica. Para a coordenadora da PUC Paraná, Suyanne Tolentino, o docente deve mostrar ao aluno que existem outras alternativas que fortalecem o papel do jornalista. “Penso que ao discutirmos sobre nossas pesquisas e práticas trocamos experiências que nos fortalecem e contribuem para pensarmos o jornalismo com real interesse social” reforça.


Diante da necessária atualização constante dos profissionais do ensino, uma das discussões foi o desafio de professores diante das novas plataformas e convergências em jornalismo sem precarizar o ensino e as relações de trabalho. Atualmente, o país conta com 315 instituições de ensino em jornalismo regulamentadas. Uma constante preocupação das universidades é em como lançar esses profissionais que estão sendo formados no mercado.


A diretora do SindijorPR e também professora, Silvia Valim, trouxe embasamento para a pasta de formações, que assume na nova gestão. Para Valim, a experiência de estágio deve ser compartilhada entre instituições de ensino, jornalistas e empresas, e o SindijorPR tem papel fundamental nessa articulação. “Fiscalizar é uma palavra muito forte pra nós, mas a entidade tem, sim, o papel de intervir quando há uma tentativa de exploração do estudante e de uma futura precarização do trabalho. Esse é um diálogo que estabelecemos com coordenadores de jornalismo tanto das universidades quanto das redações. Carecemos que os futuros jornalistas estejam prontos para a função ao se formarem e sabemos que o estágio tem papel fundamental nisso, mas estes não devem, jamais, substituir profissionais já formados” finaliza.

Autor:Flávio Augusto Laginski Fonte:SindijorPR
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