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17/11/2015

Mulheres negras de todo o Brasil se reúnem em marcha nesta quarta-feira

Mulheres negras de todo o Brasil se reúnem em marcha nesta quarta-feira
Foto: Isis Medeiros

Mulheres negras de várias regiões do país participam nesta quarta-feira (18) da Marcha Nacional das Mulheres Negras, em Brasília. Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver (temas tratados pela mobilização), elas saem às ruas juntando diversas organizações de mulheres negras, assim como outras organizações do Movimento Negro e entidades de mulheres e de todo tipo de organização que apoiam a equidade sociorracial e de gênero.

Em entrevista para o jornal Brasil de FatoAna Gomes, coordenadora do Fórum de Mulheres Negras, conta um pouco mais sobre a organização e bandeiras da marcha:


Como surgiu a Marcha das Mulheres Negras e qual a finalidade?

Ana Gomes - Embora a mulher negra participe de outros espaços de luta, percebemos que nossas demandas não são levadas em consideração. Queremos dar visibilidade a todas as nossas reivindicações. Queremos políticas concretas para dar poder às mulheres no sentido econômico, político, social, cultural e religioso.


Como está a mobilização e o que está previsto na programação?


Além da marcha no dia 18 de novembro, teremos uma feira de artesanato entre os dias 17 e 19. Também teremos um seminário pré-marcha e uma mesa sobre empreendedorismo. No Rio, estamos organizando uma roda de samba no dia 8 de novembro, às 15h, na quadra da Vila Isabel, para levantar recursos para a viagem a Brasília.


Na luta a mulher negra fica prejudicada devido à sua condição social e a falta de tempo?


Essa é nossa realidade. Muitas de nós somos empregadas domésticas, trabalhamos como diaristas, autônomas e isso causa uma série de dificuldades. Elas não podem enfrentar uma viagem de três dias de ônibus e ficar tanto tempo sem trabalhar, sem garantir o ganha-pão da semana. Mesmo assim, nosso objetivo é reunir entre 20 e 30 mil mulheres de todo o Brasil.


Essa situação econômica da mulher negra é uma das mais sérias.

A mulher negra sempre trabalhou. Quando chegamos nesse país chegamos como trabalhadoras, que tiveram direitos negados. Ainda somos a base da pirâmide social, ganhamos menos que todos os outros grupos sociais.


Que outros problemas isso acarreta?


O baixo poder econômico faz com que a mulher negra tenha dificuldades no acesso à educação e à saúde, por exemplo. Estamos falando de racismo institucional. O grosso da comunidade negra não foi atingido pelo salto econômico que o Brasil viveu antes da crise.

Brasília anda um pouco tensa. Qual o recado que vocês querem passar?


Vamos entregar um documento à presidente Dilma com nossas reflexões sobre o tema da marcha: “Contra o racismo, contra a violência e pelo bem viver”. A mulher negra será a protagonista e vamos dizer o que pensamos. Sobre o atual momento do país, vamos lutar para garantir o estado democrático de direito, pois observamos que ele tem sido fragilizado.


Recentemente a atriz Taís Araújo sofreu ataques racistas na internet. Como analisa esses ataques?


É mentira que a gente vive em uma democracia racial. Os negros convivem em harmonia desde que “saibam seu lugar”. A gente continua ouvindo insultos em restaurantes e na rua. A Taís Araújo agiu corretamente, tem que denunciar. Injúria racial é crime.

Autor:Entrevista: Fania Rodrigues, Brasil de Fato
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