Trabalhadores estão contra o reajuste abaixo da inflação e pedem o fim de privilégios
Nesta terça-feira (10), empregados da Empresa Brasil de
Comunicação (EBC) entraram em greve contra a proposta de reajuste da empresa de
3,5%, bem abaixo da inflação no período (outubro a novembro) que é de
aproximadamente 9,8%, segundo estimativa do Dieese. A proposta do órgão é que
este percentual seja usado para 2015 e 2016, o que pode representar uma perda
salarial para os trabalhadores de até 15% em dois anos.
A paralisação por tempo indeterminado foi aprovada no dia 5 de novembro em assembleia nacional dos
trabalhadores das quatro praças da empresa (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro
e São Luís). Os empregados reivindicam um aumento salarial conforme o índice de
inflação mais um ganho real linear para todos os empregados de R$ 450 (esse
valor corresponde a cerca de 5% do total da folha de pagamento da empresa).
Além disso, eles lutam para que as negociações do ACT sejam realizadas
anualmente. A data-base dos trabalhadores é 1º de novembro.
Pelo fim dos privilégios
Os trabalhadores também denunciaram os privilégios que são dados aos cargos de
diretoria dentro da empresa pública. Eles lutam por isonomia dentro do quadro
de empregados e pressionam para que, neste momento de crise, a empresa faça
cortes em cargos comissionados, nos salários da chefia e em outros benefícios
dados aos cargos de direção como: vaga privativa na garagem paga pela empresa,
auxílio-moradia e diárias recebidas pela direção com valor muito superior aos
que são pagos aos empregados.
“Altos salários são pagos para os cargos comissionados da Empresa, que estão na
magnitude dos R$ 29 mil para o diretor-presidente (fora os privilégios, que
fazem com que o salário do presidente chegue a vultuosos R$ 35 mil), valor
assustadoramente próximo ao salário da Presidenta da República e seus ministros
de Estado, que é de aproximadamente R$30 mil. Nosso diretor-geral ganha quase
R$ 27 mil e os demais diretores da EBC, cerca de R$ 25 mil”, diz um trecho do
abaixo assinado abaixo-assinado dos trabalhadores, endereçado ao ministro-chefe
da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Edinho Silva.
Nova assembleia
Uma nova assembleia está sendo realizada na tarde desta
terça-feira, onde os trabalhadores da EBC discutem o andamento do movimento
paredista. Foi apresentada uma nova proposta pela direção da empresa de 3,5% de
aumento nos salários e em todas as cláusulas econômicas.
A EBC
A EBC é a empresa pública federal, ligada à Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República, responsável pela TV Brasil,
Agência Brasil, Portal EBC, Radioagência Nacional, oito rádios públicas, além
de operar serviços como o canal de televisão NBr e a Voz do Brasil.
Há exatos dois anos, esses mesmos trabalhadores realizaram
uma greve de 15 dias e que paralisou cerca de 700 dos 2 mil funcionários. Neste
momento, foi conquistado aumento real e garantiu que não fossem retirados
direitos já previstos no Acordo Coletivo, como horário especial para
amamentação e transporte para os empregados do horário noturno.
Apoio
O SindijorPR defende a luta: “No Paraná já tivemos que fechar a nossa CCT
2015 apenas com o valor da inflação. A proposta que os trabalhadores da EBC possuem
agora, que indica uma perda salarial para os trabalhadores de até 15% em dois
anos, é um imenso desrespeito, ainda mais tendo em vista os altos salários dos
cargos de chefia. Daqui estamos em sintonia, apoiando a luta dos empregados da
EBC, os trabalhadores não podem pagar a crise”, afirma Gustavo Vidal,
diretor-presidente.