O repórter Mauri König, um dos 11
jornalistas demitidos pela Gazeta do Povo no “passaralho” de agosto,
é finalista de mais uma edição do Prêmio ExxonMobil (ex-Esso), o mais
importante reconhecimento dado aos trabalhadores da área no País. Ele foi
indicado na categoria regional Sul, com a série “Vida e morte no trabalho”, que
demonstra, a partir de números e relatos de casos, a complexidade e a gravidade
desse tipo de acidente no Brasil.
Como lembra o próprio jornal, em matéria comemorativa, o material foi
produzido por uma grande equipe, das áreas de fotografia, vídeo, infografia e
desenvolvimento web. A empresa esquece de mencionar, porém, que parte dela já
foi desligada de seus quadros. É o caso do fotógrafo Brunno Covello, que
recebeu, ainda, o Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do Trabalho (MPT)
2015 logo após deixar seu cargo.
No dia 8 de setembro, Mauri König já tinha sido anunciado como finalista da
sexta edição do “Global Shining Light Award”, criado para consagrar o
jornalismo investigativo nos países em desenvolvimento. A série de reportagens
“Império das Cinzas”, publicada em março de 2014, foi elaborada em conjunto com
Diego Antonelli e Albari Rosa. A empresa, mais uma vez, enalteceu o feito, omitindo a
informação sobre a recente saída de König.
Demitir profissionais premiados, aliás, tem se tornado prática recorrente no
jornal. Outro repórter desligado em agosto, José Marcos Lopes, também foi
agraciado com o Esso, em 2013, com a série “Crime sem castigo”, produzida em
parceria com Rogério Waldrigues Galindo, Bruna Maestri Walter e Rosana Félix.
Apenas entre 2011 e 2014, o Grupo GRPCOM demitiu 78 trabalhadores, sendo 43 da
Gazeta do Povo, 25 da RPC-TV e 10 da Tribuna do Paraná. A extensa lista inclui
jornalistas consagrados e em início de carreira, além de pais e mães de
família, alguns com filhos recém-nascidos.
A edição deste ano do ExxonMobil, com 35 jurados, avaliou 1.021 trabalhos
inscritos. A lista de vencedores deve ser anunciada em 19 de outubro e a
entrega será em 12 de novembro, no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. O
SindijorPR parabeniza os indicados e lamenta, mais uma vez, a decisão da Gazeta
do Povo de se desfazer dos trabalhadores que constroem a imagem do jornal. Vale
lembrar que, na contramão da crise, a empresa mantém seus altos cargos burocráticos,
sem prêmios, mas com salários altos.