esqueci minha senha / primeiro acesso

notícias

15/09/2003

Temas em debate durante o bate-papo sobre Jornalismo cultural

Foi um sucesso o debate entre profissionais especializados e estudantes de Comunicação sobre Jornalismo cultural, promovido pelo Sindijor no último sábado. O auditório do sindicato ficou lotado de estudantes e houve cobertura pela RTVE. Participaram do encontro os jornalistas Paulo Camargo (Gazeta do Povo), Luigi Poniwass (O Estado do Paraná), Denise Morini (CBN) e Abonico Ricardo Smith (RTVE).

Formação
Denise Morini (Rádio CBN):
Na formação do estudante de Jornalismo deveria haver um curso de História da Arte. Porém é obrigação do estudante ir atrás, procurar cursos similares. Afinal, se enuncia juízo de valor somente com extremo cuidado. Repertório é fundamental, pois ninguém sabe tudo.
Paulo Camargo (Gazeta do Povo):
O ideal é ter o formado em Jornalismo com uma formação complementar. É difícil e temos de fazer o dever de casa, com pessoas bem informadas sobre áreas específicas.
Abonico Ricardo Smith (RTVE):
Relatando a experiência pessoal, defendeu a formação de um acervo próprio de obras de interesse.

Conceito de cultura
Paulo Camargo:
Interrogado sobre se o problema da falta de uma identidade cultural brasileira se reflete nos Jornalismo cultural, ele disse que sim e que os grandes produtores culturais do País aceitam como tipicamente brasileiro o que é feito ao norte de São Paulo. Com exceção de algumas produções gaúchas, o que ocorre no Sul, em especial o europeu, é tido como “menos brasileiro”, sendo “tipicamente” brasileiros os ambientes dominados pelas culturas afro e indígena.
Denise Morini:
Comentando as limitações do formato do veículo, citou a TV, onde o que “cabe” como cultura é o que rende imagens, como com um escritor consagrado que lança um livro e se dispõe a falar. Contudo, é preciso ser criterioso para distinguir o profissional do amador e a arte do artesanato.

Dilemas éticos e profissionais
Denise Morini:
Hoje as redações “expulsam” jornalistas de cultura, mas faltam profissionais para atuar como divulgadores, nas assessorias de imprensa de eventos.
Paulo Camargo:
Quer deixar claro ao leitor que no Jornalismo de cultura existe uma seleção, uma “peneira”, que é de natureza subjetiva e que, em grande medida, é guiada por critérios próprios, subjetivos. Porém há a orientação do senso comum, ou seja, de não desprezar temas que certamente a concorrência vai dar também, a fim de não ser furado.
Luigi Poniwass (O Estado do Paraná):
Diante da escassez de recursos para a edição, fica-se refém das campanhas de divulgação das assessorias. É uma “autonomia figurada”. Tem de dar o extremamente factual, mesmo contra a preferência pessoal, se é que há.
Abonico Ricardo Smith:Diante das facilidades tecnológicas, qualquer um pode publicar, a título de Jornalismo cultural, produção de baixa qualidade na rede. Por outro lado, a Internet pode ser a saída para a falta de espaço nos jornais.

Crítica
Luigi Poniwass:
A crítica requer alguém com conhecimento um pouco maior. O veículo apresenta uma opinião, que tem o poder de se expressar, mas é apenas uma. Há o problema de o crítico faça a crítica de má-vontade ou de mau-humor e acabe vendo defeitos onde não há.
Paulo Camargo:
Hoje não existe mais propriamente a crítica, tal como era entendida anteriormente. Não há espaço para longos textos de uma página entremeados de conceitos filosóficos. Também não há mais leitor capaz de digerir uma leitura tão densa. Entretanto, ainda existe a resenha, em que o jornalista vê méritos/deméritos da obra, aspectos técnicos e orienta o leitor. Com o tempo, este tipo de análise acaba no “piloto-automático”, a sensibilidade se embota e as resenhas se padronizam.

Papel do jornalista de cultura
Paulo Camargo:
Adotamos uma postura não-paternalista com a produção cultural local. Podemos cair na união perniciosa entre preguiça e pretensão, que acaba gerando a mesmice. O jornalista de cultura deve mostrar aos produtores e divulgadores que os veículos não são vitrines para a divulgação dos produtos.
Hoje o Jornalismo cultural vive uma crise. Após a importância ganha no início dos anos 90, as editorias de cultura se retraíram por uma questão material (escassez de espaço) e ideológica (entendimento de que ele é dispensável). Em muitos casos acabam se resumindo a uma agenda cultural e ao lançamento de produtos.
Abonico Ricardo Smith:
O jornalista de cultura deve pesquisar, de acordo com a preferência, saindo da órbita de interesses da indústria cultural.

 

 

Fonte:SINDIJOR-PR - tele-fax (41) 224-9296
Gralha Confere TRE